Estado elétrico
27-06-2014

Apesar da referência no nome, Xangri-lá não é exatamente um paraíso como o imaginado pelo escritor britânico James Hilton no livro "Horizonte Perdido", de 1933.

No litoral do Rio Grande do Sul, a Xangri-lá gaúcha (a 132 km de Porto Alegre) tem mar agitado, água escura e fria e ventos fortes --um trunfo para a economia da região.

A 30 km dali, no município de Osório, já funciona o primeiro parque eólico do Brasil a ser conectado com o Sistema Interligado Nacional.

Concluído em dezembro de 2006, o parque, cujo sócio majoritário é o grupo espanhol Elecnor, tem 75 aerogeradores e potência instalada de 150 megawatts, capaz de abastecer uma cidade de 650 mil habitantes.

Xangri-lá está seguindo o mesmo caminho, mas com um projeto inédito. A cidade foi escolhida pela fabricante de automóveis Honda para produzir energia eólica, em um parque próprio, a partir de setembro deste ano.

Com investimento inicial de R$ 100 milhões, o parque eólico da Honda Energy do Brasil terá nove turbinas e capacidade instalada de 27 MW. Com a energia, a Honda abastecerá 10% do consumo de sua unidade em Sumaré (SP).

A iniciativa permitirá uma economia de 40% a 45% do gasto com energia, segundo Carlos Eigi, diretor da Honda.


Infraestrutura

Xangri-lá foi escolhida, entre quase 30 locais analisados, não só pelos ventos, mas pela infraestrutura, que facilita a montagem do parque e a transmissão.

"Há rodovias boas, não é distante dos portos e há uma subestação da Eletrosul muito próxima ao parque", exemplifica Eigi.

"Nossa expectativa é que outras empresas de grande porte enxerguem esta oportunidade, implantando um parque ou comprando energia no mercado livre", diz o diretor de engenharia da Eletrosul, Ronaldo Custódio.

"É um novo mercado que se abre para o Rio Grande do Sul", diz Marco Franceschi, diretor de Infraestrutura e Energia da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), vinculada à secretaria de Desenvolvimento do Estado. "Tem muita gente observando o movimento da Honda."

O setor de energia já representa, no Rio Grande do Sul, o segundo maior volume de investimentos, atrás da indústria naval.

O Estado é dono de 11% do potencial eólico brasileiro, com potencial de geração de 115,2 GW em alturas de cem metros, segundo estimativa do atlas eólico publicado pelo governo estadual em 2002.

Com a atualização do estudo, que deve ficar pronta no próximo mês, o potencial pode superar os 160 GW.

O Rio Grande do Sul já conta com 598 MW de capacidade em 21 parques eólicos, segundo a AGDI. A agência estima que, até maio de 2018, os investimentos em indústria eólica no Estado cheguem a R$ 8,6 bilhões, em 91 parques eólicos.

Daniel Cassol
Fonte: Folha de S. PauloEstado elétrico

27/06/14 - Apesar da referência no nome, Xangri-lá não é exatamente um paraíso como o imaginado pelo escritor britânico James Hilton no livro "Horizonte Perdido", de 1933.

No litoral do Rio Grande do Sul, a Xangri-lá gaúcha (a 132 km de Porto Alegre) tem mar agitado, água escura e fria e ventos fortes --um trunfo para a economia da região.

A 30 km dali, no município de Osório, já funciona o primeiro parque eólico do Brasil a ser conectado com o Sistema Interligado Nacional.

Concluído em dezembro de 2006, o parque, cujo sócio majoritário é o grupo espanhol Elecnor, tem 75 aerogeradores e potência instalada de 150 megawatts, capaz de abastecer uma cidade de 650 mil habitantes.

Xangri-lá está seguindo o mesmo caminho, mas com um projeto inédito. A cidade foi escolhida pela fabricante de automóveis Honda para produzir energia eólica, em um parque próprio, a partir de setembro deste ano.

Com investimento inicial de R$ 100 milhões, o parque eólico da Honda Energy do Brasil terá nove turbinas e capacidade instalada de 27 MW. Com a energia, a Honda abastecerá 10% do consumo de sua unidade em Sumaré (SP).

A iniciativa permitirá uma economia de 40% a 45% do gasto com energia, segundo Carlos Eigi, diretor da Honda.


Infraestrutura

Xangri-lá foi escolhida, entre quase 30 locais analisados, não só pelos ventos, mas pela infraestrutura, que facilita a montagem do parque e a transmissão.

"Há rodovias boas, não é distante dos portos e há uma subestação da Eletrosul muito próxima ao parque", exemplifica Eigi.

"Nossa expectativa é que outras empresas de grande porte enxerguem esta oportunidade, implantando um parque ou comprando energia no mercado livre", diz o diretor de engenharia da Eletrosul, Ronaldo Custódio.

"É um novo mercado que se abre para o Rio Grande do Sul", diz Marco Franceschi, diretor de Infraestrutura e Energia da Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), vinculada à secretaria de Desenvolvimento do Estado. "Tem muita gente observando o movimento da Honda."

O setor de energia já representa, no Rio Grande do Sul, o segundo maior volume de investimentos, atrás da indústria naval.

O Estado é dono de 11% do potencial eólico brasileiro, com potencial de geração de 115,2 GW em alturas de cem metros, segundo estimativa do atlas eólico publicado pelo governo estadual em 2002.

Com a atualização do estudo, que deve ficar pronta no próximo mês, o potencial pode superar os 160 GW.

O Rio Grande do Sul já conta com 598 MW de capacidade em 21 parques eólicos, segundo a AGDI. A agência estima que, até maio de 2018, os investimentos em indústria eólica no Estado cheguem a R$ 8,6 bilhões, em 91 parques eólicos.

Daniel Cassol