Estudo mostra as funções da espuma produzida pela cigarrinha-das-raízes
29-05-2019

Espuma produzida pela cigarrinha das raízes (Crédito: acervo pessoal do autor)
Espuma produzida pela cigarrinha das raízes (Crédito: acervo pessoal do autor)

 

A cigarrinha das raízes, Mahanarva fimbriolata (Stål), é um dos principais insetos-praga da cultura da cana-de-açúcar. Um trabalho realizado no Programa de Pós-Graduação em Entomologia, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP), avaliou a importância da espuma produzida e liberada pela ninfa, nome dado a fase imatura do inseto.

A ninfa é facilmente reconhecida no campo devido ao comportamento das mesmas de produzir e liberar constantemente uma massa mucilaginosa, semelhante a uma espuma, que recobre todo o seu corpo enquanto sugam a seiva das raízes das plantas. Entre as funções atribuídas à espuma estão a proteção das ninfas contra elevadas temperaturas, dessecação e inimigos naturais.

Contudo, evidências experimentais para confirmar estas hipóteses são escassas. A tese, de autoria de Mateus Tonelli com orientação de José Maurício Simões Bento, do Departamento de Entomologia e Acarologia, avaliou a importância da espuma para a proteção térmica das ninfas de M. fimbriolata, sua ação protetora contra predadores e os microrganismos associados ao inseto e a espuma.

O estudo mostrou que a espuma serve como um importante microhabitat térmico para as ninfas, mantendo-as numa temperatura próxima do ideal para o seu desenvolvimento. “A espuma, além de abrigar uma diversidade de bactérias previamente reportadas como simbiontes protetivos de insetos e que, provavelmente, são provenientes do intestino das ninfas, também é repelente às formigas predadoras e causa irritação quando em contato com outros insetos”, disse o autor.

Os resultados obtidos abrem novas perspectivas para futuras pesquisas que visam investigar a importância da espuma para o crescimento e desenvolvimento das cigarrinhas e pode também auxiliar trabalhos futuros na busca por novas estratégias de controle desta praga.

A pesquisa teve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

 

Texto: Letícia Santin | Estagiária de jornalismo

Revisão: Caio Albuquerque

Esalq