Estudos indicam que Santarém tem potencial para produção de etanol de mandioca
08-04-2019

Sérgio Alves, diretor de Pesquisa e Inovação da Biotec-Amazônia, apresentando resultados de pesquisas do projeto de aproveitamento da mandioca para produção de etanol — Foto: Ascom Biotec-Amazônia/Divulgação
Sérgio Alves, diretor de Pesquisa e Inovação da Biotec-Amazônia, apresentando resultados de pesquisas do projeto de aproveitamento da mandioca para produção de etanol — Foto: Ascom Biotec-Amazônia/Divulgação

Pesquisas da Bioetec-Amazônia foram apresentadas durante reunião do GGI.

Por Sílvia Vieira, G1 Santarém — PA

A mandioca pode produzir o etanol, assim como a cana de açúcar, com a grande vantagem que o álcool extraído da mandioca é mais aceitável pela indústria de perfumaria e cosméticos por ser menos corrosivo. E pesquisas da Biotec-Amazônia indicam que Santarém, no oeste do Pará, com produção expressiva de mandioca pode atrair o interesse de indústrias para produção de combustível, perfumaria, cosméticos e bebidas.

Os resultados das pesquisas foram apresentadas aos membros das cadeias produtivas do Grupo de Gestão Integrada para o Desenvolvimento Regional Sustentável (GGI/DRS), durante reunião no Centro de Informações Ambientais (Ciam), na quinta-feira (4).

A Biotec-Amazônia é organização social presidida pelo ex-reitor da Ufopa, Seixas Lourenço, com sede no Parque Tecnológico do Guamá, em Belém, e uma representação do Polo Tapajós, em Santarém. Atualmente executa o programa Bio Pará, por meio de contrato de gestão com a Sectet (Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Profissional), e está desenvolvendo um projeto, com apoio do Instituto Tecnológico da Vale (ITVale) para o aproveitamento da mandioca para produção de etanol.

Produção de raiz de mandioca é triplicada com uso de tecnologia — Foto: Reprodução/TV Amapá

O projeto em linhas gerais, ainda não está concluído, mas está em fase avançada de pesquisa e negociação com empresas que estão interessadas e já produzem álcool em Ipixuna do Pará e Ulianópolis. A ideia, segundo o diretor de Pesquisa e Inovação da Biotec-Amazônia, Sérgio Alves, é implantar esse projeto em Santarém, casando com as pesquisas que a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) vem fazendo, com o apoio do GGI.

"A mandioca, além do amido que ela pode produzir, e da raiz que é largamente consumida no nosso estado, pode derivar féculas e vários subprodutos. Então ele atrai esse mercado de produção de combustível, perfumaria, cosmético e bebidas. As bebidas com álcool de mandioca, são melhores do que com álcool tradicional", explicou Sérgio Alves.

De acordo com diretor de Pesquisa e Inovação da Biotec-Amazônia, a organização está trabalhando na projeção da mandioca para produção do etanol. Ele lembra que o Pará é totalmente dependente da Petrobras em se tratando de combustível para abastecimento de carros, e que o estado é o que paga mais caro pelo álcool. "Você paga aqui quase R$ 4 pelo álcool, enquanto em São Paulo paga-se R$ 2,50. Então, se a gente conseguir aqui uma fonte de álcool produzida pela agricultura familiar a gente consegue um preço mais baixo. Fora isso, a gente consegue também voltar esse álcool para a indústria de cosméticos, alimentos e perfumaria, e tem um valor agregado no produto", enfatizou.

Sérgio destacou ainda que quando aumenta o preço do combustível, impacta na vida dos santarenos, porque os alimentos ficam mais caros, há inflação, o comércio não consegue ser competitivo. Mas, uma vez que o município produza o etanol e consiga abastecer o mercado local, vai preço competitivo. "É um ganho para o município e o estado. Fora que é um combustível verde, com poucas emissões de gazes de efeito estufa", pontuou.
Geração de empregos
Durante a exposição de resultados das pesquisas, Sérgio Alves ressaltou que pelo fato de Santarém ser um grande produtor de mandioca, pode produzir álcool de qualidade e isso vai atrair a instalação de indústrias, e, consequentemente, impactar na geração de emprego e renda.

"Poder se instalar aqui uma empresa de vinagre, por exemplo, que vai comprar esse óleo e vai produzir vinagre na Amazônia. E pode agregar o nome da região no seu produto, por exemplo 'Vinagre da Amazônia', imagina esse apelo que isso tem", concluiu Sérgio Alves.