Faturamento do setor de máquinas cai 25% em agosto
26-09-2014

O Custo Brasil tem feito com que a indústria nacional de máquinas perca espaço para os fornecedores estrangeiros. Dados divulgados nesta quarta, dia 24, pela Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), mostram que o faturamento do setor de máquinas e implementos agrícolas caiu 25% no mês de agosto.

Numa concessionária de Campinas, no interior de São Paulo, as máquinas têm ficado mais tempo no pátio. As vendas tiveram queda e a expectativa para os próximos meses também não é das melhores. Do local onde, em 2013, saíram 216 tratores, neste ano devem ser vendidos no máximo 190.

- A gente sabia que entre 5% e 10% seria a diferença a menos nas vendas. Mas, caiu bastante, bem mais do que a gente imaginava. Hoje, a queda nas vendas está entre 25% e 30% - informa o supervisor de vendas Devoncir Kuasne.

Para Kuasne, a queda se deve principalmente ao clima.

- O fator preponderante para a queda nas vendas, realmente, é a estiagem. Nós temos aqui casos, nossa região é composta de pequenos produtores e muitos dos nossos clientes perderam lavouras inteiras de milho, de hortaliças, por falta de água. Então, isso acarretou essa queda grande nas vendas - explica o supervisor.

A realidade de Campinas se estende para o todo o Brasil. Segundo o presidente, Carlos Pastoriza, a estiagem e a crise no setor sucroenergético, que atinge algumas regiões do país, são responsáveis apenas por uma parcela dessa estatística.

- O setor de equipamentos e implementos agrícolas ligados ao setor sucroenergético, é uma parcela importante da comunidade que a Abimaq representa, que é a totalidade dos fabricantes de máquinas e equipamentos brasileiros. Eu diria que eles devem representar, no seu conjunto, algo como 15% do faturamento do setor de máquinas e equipamentos. Na questão da estiagem, de fato, afetou algumas regiões no país de forma importante. Então, eu acho que essas duas coisas, de alguma forma, contribuíram para essa queda - reforça Pastoriza.

Para o presidente da entidade, o grande vilão ainda é o Custo Brasil, que não favorece a indústria nacional.

- São fatores que vão se acumulando ao longo do tempo. Nós temos basicamente duas razões importantes. A primeira é que com o Custo Brasil, os nossos equipamentos estão perdendo progressivamente competitividade em relação aos importados e, portanto, estão perdendo participação de mercado, market share no mercado como um todo. Só que esse processo de desindustrialização não está afetando só o setor de máquinas, está afetando nossos clientes, que também são indústrias, que usam nossos equipamentos para produzir os produtos deles. Então, quando o meu cliente deixa de vender o seu produto porque está chegando produto acabado de fora, automaticamente ele diminui a sua demanda por equipamentos - sintetiza.

Beatriz Bucciano