Fim das cotas da União Europeia deve trazer mudanças ao setor açucareiro
02-10-2014

A União Europeia (UE) vem mantendo seu índice de produção de açúcar limitado, com base nas cotas estabelecidas pela Organização Mundial de Comércio (OMC). Porém, em 2017, termina o prazo limite de percentuais da produção destes países, o que exigirá uma nova adaptação do mercado europeu e também mundial de açúcar.

Há muito tempo, o governo europeu subsidiava a produção de açúcar proveniente da beterraba branca. Com isso, gerava um grande volume do produto agrícola, o que influenciava comercialização externa e atingia em cheio o mercado de outros países produtores. Porém, acusada de dumping (prática comercial que consiste em empresas de um país venderem seus produtos por preços abaixo de seu valor, prejudicando produtos similares concorrentes), a União Europeia, junto a OMC, determinou cotas de produção, além de retirar o apoio monetário até 2017.

Desde 2005, a produção passou ser dividida entre dezenove países membros da UE. E, como resultado, a produção de açúcar, que chegou a 21,84 milhões de toneladas em 2004/05, caiu para 17,46 milhões em 2013/14. Já as exportações de açúcar refinado ficaram limitadas em 1,35 milhão de toneladas, de acordo com a OMC.

A extinção desse limite também deve alterar todo o cenário açucareiro. A produção de açúcar na Europa pode tomar um maior lugar de destaque no mercado mundial. Segundo o economista da DATAGRO, Bruno Wanderley de Freitas, a indústria europeia sofrerá reflexos diante das atuais condições de mercado. "A UE continua com potencial de aumentar a produção, pois tem grandes grupos usineiros", completa.

De acordo com o economista da Datagro, com fim das quotas, há perspectivas de que UE possa aumentar a produção, devendo impactar o comércio internacional. "Com a nova onda de consolidação em curso, espera-se que a União Europeia aumente a oferta local no longo prazo, corrigindo os preços no mercado interno em convergência com os novos custos de produção", completa Bruno.

Enquanto isso não acontece, hoje as usinas europeias vêm se adaptando para as novas condições de produção que estão por vir. Segundo Bruno, ainda não há previsão de como será o aquecimento do mercado em 2017. Mas é possível acompanhar como está a atual situação e as perspectivas da União Europeia no setor açucareiro, durante a 14ª Conferência Internacional Datagro sobre Açúcar e Etanol.