Índia avalia proposta de subsídio à exportação de açúcar na próxima semana
20-09-2018

Com previsão de produção recorde, país deve substituir Brasil como líder de produção da commodity e estuda impor exportação obrigatória a usinas.

A Índia considerará várias propostas para apoiar a indústria açucareira, incluindo incentivos para as exportações, na reunião de gabinete da próxima semana, disse o ministro da Alimentação, Ram Vilas Paswan, nesta quarta-feira (19).

O país asiático, que deve superar o Brasil como maior produtor de açúcar do mundo em 2018/19, está tentando reduzir o estoque crescente.

A Índia está considerando tornar obrigatório que as usinas exportem 5 milhões de toneladas de açúcar, incentivando vendas no exterior na temporada 2018/19 e aumentando o preço que paga diretamente aos produtores de cana para 138 rupias a tonelada, de 55 rúpias nesta temporada, disseram fontes do governo na terça-feira.

Brasil foca no etanol

A indústria brasileira está direcionando cada vez mais cana para a produção de etanol, em uma conjuntura de baixos investimentos nas lavouras que têm resultado em produtividades cada vez menores.

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Ao mesmo tempo, contando com esquemas de subsídios para um setor politicamente sensível, a Índia deverá ter uma produção recorde de açúcar de cerca de 35 milhões de toneladas na nova temporada que começa em outubro, enquanto o volume do Brasil está projetado para recuar cerca de 10 milhões de toneladas ante a temporada passada, para cerca de 30 milhões de toneladas, segundo avaliação de analistas.

A mudança na liderança pela produção de açúcar deverá ter reflexo nos fluxos comerciais da mercadoria ao redor do mundo, com as exportações brasileiras perdendo fatia, enquanto a Ásia ganha espaço no mercado global e concentra estoques da commodity, especialmente na Índia.

Alguns analistas afirmam que a liderança indiana na indústria de cana é apenas aparente, uma vez que o Brasil continua com a maior oferta de sacarose e produz um açúcar de melhor qualidade.

Mas o fato é que, com os preços dos combustíveis em alta e os do açúcar perto de mínimas em dez anos em Nova York, o incentivo para a indústria brasileira retomar mercados é baixo, até porque a Índia, com grandes volumes em estoques, pode aparecer como exportador relevante, ainda que conte com subsídios.