Índia deve retomar protagonismo nas exportações de açúcar com safra recorde em 2025/26
24-09-2025
País deve produzir 34,9 milhões de toneladas na temporada
Por Andréia Vital
Relatório da FG/A aponta que, com o início da nova safra de cana-de-açúcar em outubro, a Índia volta ao centro das atenções do mercado internacional. Após enfrentar a pior temporada dos últimos cinco anos, marcada por monções abaixo da média e perdas expressivas em polos produtivos, o país projeta uma recuperação robusta em 2025/26.
Com chuvas muito acima do padrão histórico e expansão da área plantada, a Indian Sugar Mills Association (ISMA) estima alta de 18% na produção frente à safra anterior, totalizando 34,9 milhões de toneladas de açúcar, antes do desvio para etanol. Os estoques de passagem devem alcançar 5,3 milhões de toneladas, o que, mesmo com 4,5 milhões de toneladas direcionadas ao etanol, abre espaço para a exportação de até 2 milhões de toneladas sem comprometer o abastecimento interno.
A recuperação marca um ponto de virada. Em 2024/25, as exportações foram historicamente baixas: apenas 1 milhão de toneladas liberadas em janeiro e menos de 800 mil toneladas efetivamente embarcadas. O governo priorizou o consumo doméstico em meio à escassez de oferta. Agora, com produção ampliada, a estratégia tende a ser a oposta: evitar que elevados estoques pressionem ainda mais as usinas, que enfrentam margens estreitas diante da elevação do Fair and Remunerative Price (FRP) da cana, sem atualização correspondente do preço mínimo do açúcar (MSP).
Apesar do cenário favorável, analistas destacam que os preços domésticos seguem mais atrativos que a paridade de exportação, limitando o incentivo imediato para grandes volumes externos. Assim, a liberação de 2 milhões de toneladas deve ocorrer de forma gradual, em linha com a necessidade de equilibrar estoques e garantir o mercado interno.
Quanto ao impacto nos preços internacionais, o relatório pondera que as cotações do açúcar bruto na bolsa de Nova York (NY#11) não reagem apenas ao anúncio das cotas indianas, mas também às expectativas prévias e a outros choques de oferta e demanda globais. Isso reduz o efeito direto de eventuais liberações sobre as cotações.

