Investimento da Odebrecht Agroindustrial cairá de R$ 300 a R$ 400 milhões em 2016/17
14-12-2015

A Odebrecht Agroindustrial, braço sucroenergético do conglomerado empresarial brasileiro, pretende reduzir os investimentos na safra 2016/17, que se inicia em abril do ano que vem.

Em entrevista ao Broadcast Agro, o vice-presidente de Operações em Engenharia da companhia, Celso Ferreira, afirmou que o objetivo no próximo ano é "tirar o máximo de valor das operações" e que não há novas aquisições no radar. De acordo com ele, o capex deve cair dos R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão observados nos últimos ciclos para algo entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões, com parte considerável desse montante direcionada à manutenção dos canaviais.

Ferreira mencionou, ainda, que a empresa busca chegar no próximo ano com a renegociação da dívida, de mais de R$ 7 bilhões, concluída. "Hoje a renegociação está em andamento e esperamos que seja resolvida o quanto antes", disse.

Em novembro, a Odebrecht Agroindustrial conseguiu junto aos credores uma trégua de 60 dias para carregar as dívidas de curto para médio ou longo prazos, bem como para buscar o aporte da controladora, cujo valor ainda não foi definido, segundo o executivo.

Com relação aos aspectos operacionais e agrícolas, Ferreira disse que a próxima temporada deverá alcançar processamento de 29,6 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, aumento de 2% na comparação com as 29 milhões de toneladas previstas para o atual ciclo.

"O clima ajudou e vamos ter um canavial com rendimento melhor. Ganhamos aprendizado e houve amadurecimento das equipes. E temos também a Eldorado operando em sua plenitude", explicou, citando a unidade de Mato Grosso do Sul, que recebeu investimentos de R$ 550 milhões e teve a capacidade instalada elevada a 3,5 milhões de toneladas.

Em relação aos produtos, Ferreira afirmou que as previsões na empresa são de fabricação de 1,38 bilhão de litros de etanol hidratado (+7%) em 2016/17, de 703 milhões de litros de anidro (+10%) e 596 mil toneladas de açúcar, volume este que representa aumento de 36,3%.

O plantio e a renovação para o próximo ciclo alcançaram 62 mil hectares, totalizando um canavial próprio de 450 mil hectares.

A Odebrecht Agroindustrial deve encerrar os trabalhos da safra vigente em 20 de dezembro e retomar as atividades em março do ano que vem. As 29 milhões de toneladas esperadas para este ciclo superam as 28 milhões de toneladas inicialmente previstas.

"Em termos operacionais, foi a melhor safra da nossa história. Tivemos um trabalho grande de melhoria de produtividade, para buscar esse salto de moagem", disse o executivo.

Ainda segundo ele, a Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que atingiu a cúpula do grupo Odebrecht, não afetou o braço sucroenergético. "Do ponto de vista operacional, não teve nenhum impacto, porque os negócios são descentralizados", afirmou.

A Odebrecht Agroindustrial opera nove usinas nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. A empresa tem capacidade instalada para processar 36,8 milhões de toneladas por safra.