Irrigação e “arroz com feijão” com tempero caseiro são a receita usada pela Usina Japungu
10-02-2016

Para a produção de cana-de-açúcar no Nordeste, a distribuição de chuvas entre abril e maio é determinante. Em 2015, as chuvas não apenas foram poucas nesses meses, como praticamente inexistiram entre agosto e dezembro em boa parte da região. O fenômeno El Niño reduziu a densidade pluviométrica, derrubando a produtividade dos canaviais nordestinos. 

Apesar da austeridade do clima, Dante Hugo Vasconcelos Guimarães, gerente de tratos culturais e plantio da Usina Japungu, localizada em Santa Rita, na Paraíba, relata que a queda da produção na unidade deverá ser de 10% na safra 2015/16, inferior ao que se espera de redução em todo o Nordeste.
Já a produtividade agrícola deverá fechar em torno de 52 toneladas por hectare, ante 58 toneladas por hectare no ciclo anterior. A moagem atual da empresa, que começou em julho de 2015, se encerrará no próximo mês de abril.
Segundo Guimarães, o que salvou a Japungu foi a irrigação. “Foi o diferencial para que não tivéssemos uma redução brutal.” A empresa irriga em torno de 90% da área total. “Apenas em algumas áreas aplicamos irrigação plena, fazemos mais de salvação mesmo. Porém, basicamente conseguimos molhar quase todo o canavial.”
Atualmente a empresa está investindo mais nas tecnologias de irrigação por gotejamento e com pivô central sem ser rebocável. “Aí se consegue dar maior número de lâminas.”
Em gotejamento, a Japungu fechou 2015 com cerca de 1.100 hectares. “Mas estamos projetando instalar mais 600 a 700 hectares para a próxima safra”, diz Guimarães, lembrando que a Japungu cultiva 26 mil hectares com cana.
Com o sistema de gotejamento, a usina consegue produtividades em torno de 120 a 130 toneladas por hectare. Inclusive possui áreas com gotejo que vão para o sétimo corte com média de 106 toneladas por hectare.
“Apesar destes resultados, infelizmente não temos água para levar o gotejo para todo o canavial. Por isso estamos sempre buscando alternativas.”

MELHORAR O SOLO
Além da irrigação, a Japungu também está investindo em mecanização e fertilidade. “Já colhemos 40% da nossa cana com máquinas.” A usina tem planos de continuar expandindo a mecanização. “Acredito que conseguimos mecanizar em torno de 70% da nossa área.” Futuramente, de acordo com o desenvolvimento tecnológico da mecanização em áreas acidentadas, a empresa pode utilizar colhedoras adaptadas para operações em grande declividade.
Guimarães acredita que as usinas paraibanas têm tratado bem dos canaviais. Isso é fundamental considerando que as unidades do estado, na média, têm solo arenoso, de fertilidade ruim.
Diante desta limitação, a solução encontrada pela usina foi buscar tecnologia. “Fizemos convênio com a Universidade Federal Rural de Pernambuco para melhorar a fertilidade do nosso solo e consequentemente a produtividade dos canaviais”, afirma. “Usamos material orgânico e trabalhamos com segunda adubação. Utilizamos torta de filtro e já usei esterco de galinha, mas hoje o custo está proibitivo”, acrescenta. A unidade aplica toda a vinhaça, cobrindo um total de 7 mil hectares.
Apesar do cenário difícil do setor sucroenergético nos últimos anos, Guimarães destaca que a Japungu tem conseguido sobreviver de maneira sólida com estratégia de colheita, redução de custos e incorporação de tecnologias, mas sempre trabalhando com os pés no chão.
“Fazemos muito bem o feijão com arroz com tempero caseiro bem feito, para depois irmos para um prato mais sofisticado”, conclui.

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