Job vê produção recorde de etanol do centro-sul apesar de queda de 8% na moagem
03-08-2018

A produção total de etanol do centro-sul do Brasil foi estimada nesta quinta-feira em recorde com 29,2 bilhões de litros, sendo 0,8 bilhão de litros do biocombustível feito a partir do milho, de acordo com levantamento da consultoria especializada Job Economia e Planejamento, que elevou sua projeção apesar de uma redução de 8 por cento esperada na moagem de cana devido à seca.

A Job estimou a produção de etanol de cana do centro-sul na safra atual em 28,4 bilhões de litros, ante 28 bilhões na previsão anterior, e a do biocombustível feito a partir de milho em 0,8 bilhão, 100 milhões de litros acima da previsão anterior.

"Preços do petróleo e gasolina mais elevados dão suporte para preços do etanol e aumentam sua competitividade na bomba", afirmou o sócio-diretor da Job, Júlio Borges, explicando que a rentabilidade do biocombustível leva as usinas e destinarias a direcionarem mais cana para o produto.

O aumento da estimativa da produção de etanol ocorreu apesar de uma redução na previsão de moagem de cana de 585 milhões de toneladas para 549 milhões de toneladas, por conta da seca entre abril e julho.

"A quebra de safra pode ser maior que a prevista se chover abaixo da média no período agosto/18-novembro/18", acrescentou.

Na comparação com a temporada anterior, se confirmada, a previsão atual indica uma redução de 8 por cento na moagem da principal região produtora do Brasil, maior player global do setor sucroalcooleiro.

A produção de açúcar foi reduzida de 30 milhões para 27 milhões de toneladas, em função do forte viés alcooleiro da safra e da quebra de cana, e com a fabricação álcool hidratado (concorrente da gasolina) sendo maximizada.

Na safra passada, a produção de açúcar atingiu 36,1 milhões de toneladas.

"Esta forte redução na produção de açúcar deve surpreender o mercado mundial, que prevê um superavit para a nova safra em torno de 7 mi t . À medida em que esta quebra de safra ficar evidente para os mercados externos de açúcar, provavelmente os preços serão afetados positivamente."

A consultoria também destacou que, como consequência do clima seco, o rendimento industrial (ATR/tonelada de cana) foi elevado de 135,1 para 139,4 kg/tc.

EXPORTAÇÃO

Como consequência da situação do mercado, a previsão da exportação de açúcar foi reduzida de 20,4 milhões para 17 milhões de toneladas.

"Volume desta ordem só foi verificado dez anos atrás. Por outro lado, as vendas de etanol no mercado interno foram aumentadas de 25,8 bilhões para 27,9 bilhões de litros", afirmou a Job.

Na temporada passada, a exportação de açúcar atingiu 26,3 milhões de toneladas.

Já as exportações de etanol foram estimadas em 1,5 bilhão de litros, leve alta ante a temporada passada.

 (Por Roberto Samora)