Maio foi o mais seco em 11 anos em Ribeirão Preto
06-06-2014

Com o registro oficial de apenas 0,8 milímetros de chuva, maio foi o mais seco dos últimos 11 anos em Ribeirão Preto. Os dados são do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas.

O pior índice para o mês de maio, até então, havia sido registrado em 2006, com 2 mm. A seca na região prejudica as lavouras, como as de cana-de-açúcar e café.

A safra do café deve ficar prejudicada em até 40%, segundo o mercado. O período entre janeiro e março é o principal para o desenvolvimento dos grãos do café, o que não aconteceu neste ano.

A expectativa é que chova durante o inverno deste ano, que começa no dia 21, para diminuir a perda.

Para o gerente de insumos da Coopercitrus (Cooperativa dos Cafeicultores e Citricultores de São Paulo), Laércio Ernesto de Souza, o problema é o peso do café, porque "os grãos ficam deformados e os tamanhos, diferentes".

Entre cafeicultores cooperados, Souza disse que muitos falam em perdas de 15% a 40%. As principais baixas são em lavouras novas ou com solos diferenciados, com pouco histórico cafeeiro.

Marcelo Barbosa Avelar, vice-presidente da Coonai (Cooperativa Nacional Agroindustrial), disse que até junho os produtores viveram expectativa sobre o período das chuvas. Agora, segundo ele, começa a análise dos grãos.

Entre a região de Ribeirão e o Sul de Minas Gerais, segundo Avelar, os problemas mais graves na lavoura serão em Minas, onde o clima seco foi mais predominante.

Já a safra da cana-de-açúcar também deve apresentar queda na região, porém menor que a do café: 8%.

O agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Somar Meteorologia, disse que o melhor para as usinas é atrasar a colheita. "Vai melhorar, mas não tanto [a safra]. Vai voltar a chover na segunda quinzena de julho. Se tiver chuva antes, é isolada."

Para ele, as regiões de Presidente Prudente, Norte do Paraná e Sul do Mato Grosso do Sul terão as maiores perdas na safra de cana.

Willian Hernandes, da FG/Agro de Ribeirão, disse que o fenômeno climático El Niño deve antecipar o período de chuvas e minimizar os impactos da seca. "Um dos reflexos foi a queda do preço da energia elétrica, bem sensível às chuvas, que saiu de R$ 800/MWh, em abril, para R$ 500/MWh, em maio."

Entre janeiro e março deste ano, a região teve o pior trimestre climático para a seca desde 1937, segundo estudo divulgado pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas). Em 2014 foram cerca de 200 milímetros de chuva, inferior aos 250 mm de 1956.

Heitor Mazzoco