Mais de 200 unidades sucroenergéticas não comercializam energia
09-04-2015

O gerente de bioeletricidade da Unica, Zilmar de Souza, destaca que é preciso continuar melhorando o preço de remuneração da biomassa nos leilões para viabilizar projetos de retrofit e de aproveitamento de palha. “No último leilão, o valor teto foi de R$ 209,00. É preciso que este preço melhore. É difícil ter preço padrão, pois cada usina tem uma eficiência de projeto. Mas o mercado já sinaliza dizendo que o preço teto tem que ser bem superior a esse patamar de R$ 209”, salienta Zilma, pois, essa remuneração, até o momento, não conseguiu atrair nos leilões o retrofit. 

Segundo ele, existem mais de duzentas usinas instaladas no país que não comercializam, mas têm disponibilidade de biomassa que poderia ser usada para gerar energia para a rede. Dados da Unica apontam que, em dezembro de 2013 o Brasil tinha 379 usinas em operação, sendo que deste total apenas cerca de 170 exportavam energia elétrica para a rede.
Em 2015 estão programados três leilões e não se sabe qual será o preço teto da biomassa. E aí reside a preocupação do empresário sucroenergético. Falta clareza suficiente para que se possa apostar na bioeletricidade, principalmente no longo prazo.
Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica, concorda que o grande entrave da bioeletricidade são os preços praticados. “A atividade é mantida por rentabilidade, por resultados.” Segundo ele, embora cada unidade tenha seu preço ideal para comercializar energia, muito se fala entre profissionais da área que o preço teto dos leilões para viabilizar a cogeração esteja entre R$ 250 e R$ 300. “E com contratos de 15 anos, a um preço viável, com política de correção. Isso requer avaliação correta pela usina. Mas com certeza ninguém vai investir pesado para ficar no spot, para em certos momentos receber bem e em outros ter de oferecer energia de graça.”
A política da bioeletricidade que o setor reivindica inclui uma visão de longo prazo, com leilões regionais e específicos para biomassa. Aí sim, segundo ele, será viável buscar na lavoura a palha, outra biomassa da cana preciosa que muitas usinas têm preferido deixar no campo. “Só para recolher a palha, o custo sai por R$ 80, R$ 90 para levar à usina.” Hoje a palha para o fornecedor reduz o preço da cana devido à quantidade de impurezas minerais. Com preço da energia baixo, o produtor acaba sendo penalizado. “Se houver uma mudança real na política de preço da bioeletricidade, já amanhã poderíamos ter mais energia. A palha está lá no campo, só precisa ter preço para ser utilizada em larga escala.”

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