Mais de 60% do setor retira cana-muda de canavial comercial, aponta pesquisa do IAC
03-04-2018

Para o produtor Ismael Perina, isso é um erro terrível, um dos principais fatores para a baixa produtividade dos canaviais

Cada vez mais, pipocam notícias sobre os ganhos com a formação de viveiros de muda de cana ou até de canavial comercial por meio do plantio de muda pré-brotada de cana (MPB). A sanidade, o vigor do canavial resultante da aplicação dessa tecnologia, levam à produtividade muito superior a sonhada marca dos três dígitos, alguns alcançam 170 toneladas no segundo corte e sem irrigação. Outra vantagem é o aumentoda longevidade do canavial, que apresenta alta produção por muito mais cortes.

Já é comprovado o sucesso do plantio de MPB seja em sistema de Meiosi(Método Inter rotacional Ocorrendo Simultaneamente) – onde planta-se linhas de MPB intercaladas por linhas de outras culturas, como soja e amendoim e que depois, a cana colhida dessa linha é tombada nas linhas que eram ocupadas pelas culturas intercalares –, ou no sistema de cantosi – viveiros formados em um canto do canavial comercial.
Mesmo assim, apenas 6,7% do setor adotou a tecnologia de muda sadia, segundo pesquisa realizada pela equipe do Grupo Fitotécnico do Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC). Um absurdo na visão de Ismael Perina Jr, produtor rural na região de Jaboticabal, SP, e pioneiro no sistema MPB/Meiosi, já alcançando taxa de multiplicação de 1x45, ou seja: uma linha de MPB resulta em muda de cana para cobrir 45 linhas. O canavial de sua fazenda Belo Horizonte apresenta áreas com 10 cortes com média superior a 100 toneladas por hectare e canaviais de segundo e terceiro cortes estão na média de 130 a 170 toneladas de cana por hectare.
Mestre no assunto e defensor do associativismo, Ismael abre sua fazenda, oferece dias de campo, dá palestra para difundir essa ferramenta fundamental para a retomada do setor. Segundo ele, o uso da MPB, principalmente no sistema de meiosi, tem como objetivotombar uma cana sadia em solos revigorados por outras culturas, turbinando, dessa forma, seu desempenho. Entre suas vantagens destaca: redução de custos na formação de viveiros e implantação do canavial comercial; maior velocidade na introdução de novas variedades; incremento de sanidade (menor risco da ocorrência de doenças como raquitismo e escaldadura); eliminação de riscos de transporte e introdução de pragas (Sphenophoruslevis) via mudas e formação de canavial comercial com viveiro de mudas de alta qualidade.
“E é um sistema que pode ser adotado pela usina e por produtores de cana grande, médio ou pequeno, pois em áreas menores o plantio da muda pode ser realizado manualmente, com o uso de uma matraca. Era para todo mundo já estar adotando essa tecnologia. Não entendo o setor, quando vejo que mais de 60% ainda retira muda de cana de canavial comercial, parece que não aprendeu nada com os erros do passado recente, quando formamos canavial sem sanidade, com qualquer cana, disseminando pragas e doenças, derrubando a produtividade média de 90 toneladas por hectare para a casa de 60 toneladas e hoje, 10 anos depois, ainda penamos para se aproximar das 80 toneladas”, lamenta Ismael.
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