Mais um ano difícil no segmento de máquinas
09-04-2015

Mesmo após a forte queda observada no primeiro trimestre, as vendas de máquinas agrícolas têm pouco espaço para ensaiar uma reação contundente no mercado doméstico nos próximos meses, apesar da definição das novas condições de financiamento do Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota), que dispõe de recursos do BNDES.
Conforme cenário traçado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) em encontro com jornalistas em São Paulo, é de se esperar uma recuperação sazonal normal, levando-se em conta que o segundo semestre é historicamente mais forte que o primeiro, mas nada capaz de evitar mais um tombo em 2015, pelo segundo ano consecutivo.
Conforme a Anfavea, em março as vendas internas de máquinas agrícolas e rodoviárias atingiram 4.834 unidades, 30,9% mais que em fevereiro, quando houve quatro dias úteis a menos, mas ainda ficaram 12,5% abaixo de março de 2014. No primeiro trimestre, as vendas somaram 11.872 unidades, em queda de 20,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Como as exportações continuam a decepcionar, a produção também recuou para se ajustar à demanda.
Projeção atualizada nesta terça-feira (7) pela associação indicou que as vendas poderão chegar a 55,3 mil unidades no mercado brasileiro em 2015, 19,4% menos que em 2014 - ou seja, um percentual muito próximo ao da queda observada no primeiro trimestre. As vendas domésticas alcançaram 68,6 mil unidades no ano passado, uma retração de 17,4% em relação ao ano anterior, quando a comercialização bateu recorde.
Diante das incertezas macroeconômicas, especialmente no que se refere ao câmbio, a Anfavea ainda projeta um aumento de 1% das exportações neste ano, para 13,9 mil unidades. No front externo, afirmou Moan, os principais países com potencial para ampliar as compras de máquinas agrícolas produzidas no Brasil continuam na América Latina e na África.
Mesmo que o horizonte desenhado pela Anfavea para o segmento seja plúmbeo, o presidente da entidade louvou o fato de o governo ter sido rápido na publicação das novas condições do Moderfrota, que voltou a ser a principal fonte de financiamento para a aquisição de máquinas agrícolas no país apesar de ter tido suas taxas de juros elevadas, em linha com as medidas de ajuste fiscal em curso no país - aprovadas pela entidade, diga-se de passagem.