Mantega comemora desaceleração da inflação e diz que juro não precisa mais subir
20-11-2014

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, demonstrou otimismo em relação ao comportamento da economia no segundo semestre de 2014. Ele destacou que a prévia da inflação de novembro, o IPCA-15, mostrou uma desaceleração e que a taxa de desemprego fechou outubro com uma baixa histórica de 4,7%. O IPCA-15 ficou em 0,38%, o que representa uma queda em relação ao resultado de outubro, de 0,48%.

—Temos inflação para baixo, desemprego diminuindo, portanto, emprego melhorando. Além disso, o índice de serviços que foi anunciado esses dias dá também uma aceleração da economia. Estamos vendo que o crédito está melhorando, a confiança está voltando. A economia está crescendo mais no terceiro trimestre e também no quarto trimestre — disse Mantega aos jornalistas que o aguardavam na entrada do Ministério da Fazenda nesta quarta-feira.

O ministro afirmou ainda que o IBC-Br, índice do Banco Central que serve como uma prévia do resultado do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país), relativo ao terceiro trimestre mostrou uma aceleração de 0,6%. O BC também reviu o resultado do primeiro trimestre de 2014, que passou de negativo para positivo. Assim, segundo Mantega, não teria se configurado um quadro de recessão técnica no Brasil em 2014, pois não teria havido dois trimestres consecutivos de resultados negativos.

— Se isso se confirmar no PIB significa que não terá havido recessão — disse Mantega.

Ele afirmou ainda que, diante da desaceleração da inflação de novembro e dos resultados da economia, não vê necessidade de o Banco Central elevar ainda mais os juros. Embora o diretor de Política Monetária do BC, Carlos Hamilton, tenha dito ontem que o Copom (Comitê de Política Monetária) poderá elevar ainda mais os juros para domar a inflação, o ministro discordou:

— Com a inflação de hoje, mais moderada, significa que não é necessário nenhuma medida adicional na minha opinião, mas é apenas a minha opinião. O Copom tem autonomia. Mas o que eu posso dizer hoje é que a inflação está mais baixa — disse ele, acrescentando:

— O juro sempre vai precisar subir ou descer. Isso é uma permanente na política monetária. Agora quando a inflação cai, bom, não sei, você é quem resolve.

Os repórteres insistiram em perguntas sobre a política fiscal e perguntaram ao ministro qual será o resultado primário de 2014, uma vez que a equipe econômica tem um déficit de mais de R$ 15 bilhões acumulado no ano e tenta mudar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) no Congresso para conseguir reduzir a meta fiscal de 2014. O ministro, então, rebateu:

— A economia está voltando a aquecer gradualmente porque o crédito voltou, as vendas de automóveis aumentaram, o comércio varejista também teve um bom resultado. Estamos numa recuperação, vocês não estão vendo isso.

O ministro disse que o verdadeiro resultado primário com o qual o governo trabalha para 2014 será explicitado no próximo relatório bimestral de receitas e despesas, que será divulgado na sexta-feira. O número será discutido hoje no Palácio do Planalto em reunião da Junta Orçamentária. Mesmo assim, ele disse que o governo vai trabalhar para fazer um superávit.

Mantega disse que, apesar da deterioração fiscal de 2014, o governo tem condições de realizar um primário de 2% do PIB em 2015 como determina a LDO do ano que vem:

— Um primário de 2% é possível. Estamos fazendo as contas, a gente vai avaliar melhor a partir desse comportamento da economia. O que melhora o primário é um crescimento maior da economia e no segundo semestre há um crescimento maior da economia e isso ajudará o ano que vem. Poderemos entrar em 2015 com a economia se recuperando, com uma taxa de crescimento maior que vai ajudar a fazermos um primário em torno de 2% no próximo ano.

Martha Beck