Medidas como aumento da mistura e volta da CIDE trazem novo fôlego, mas não geram investimentos
16-03-2015

O conjunto de medidas recente traz um alento às empresas que não estão muito endividadas, mas ainda falta uma visão de longo prazo


A safra 2015/16 já começou no Centro-Sul do Brasil para algumas usinas. Mas a maior parte vai entrar em funcionamento a partir de abril. Mas o que esperar do próximo ciclo?
Para Marcelo Moreira, pesquisador sênior da Agroicone, as medidas adotadas pelo governo neste início de ano - reajuste do PIS/Cofins, volta da CIDE, aumento da mistura de anidro à gasolina -, além da redução do ICMS sobre o etanol em MG, ajudarão de alguma forma na recuperação do setor sucroenergético.
“No curto prazo, o setor passa a ter uma remuneração que paga seus custos, mas não gera investimentos. O aumento da mistura, embora um tanto atrasado, vem em boa hora, no início da safra. Vai ajudar a manter o preço quando a moagem começar, o mesmo vale para o ICMS em MG”, afirma.

Na opinião de Moreira, este conjunto de medidas recente traz um fôlego às empresas que não estão muito endividadas. Ainda é cedo para falar de novos investimentos. “Ainda falta uma visão de longo prazo. O primeiro passo é ter uma clareza que esse movimento do governo federal será permanente.”
Ele destaca que alguns indicadores sinalizam que ainda há uma capacidade ociosa na indústria. “O cenário para o etanol melhora com as últimas medidas, mas por outro lado temos grupos que ainda não se recuperaram das dívidas que contraíram nos anos de expansão.”

FUSÕES E AQUISIÇÕES
Além disso, frisa que o câmbio vai ser mais uma variável que pode afetar o endividamento das empresas nacionais com dívida em moeda estrangeira, assim como pode favorecer a capacidade de compra de investidores estrangeiros. “Então pode ser que haja uma movimentação no mercado de fusões e aquisições. A tendência é de recuperação em unidades com capacidade ociosa antes de se falar em investimento em novas unidades.”

NOVAS MEDIDAS
O pesquisador do Agroicone cita algumas outras medidas que podem ajudar o setor:
1.Já está claro que uma política para bioeletricidade, com preços firmes e solução de gargalos específicos, seria benéfica para o setor e para o país;
2.Tivemos recentemente pequenas vitórias no mercado internacional que podem ajudar a precificar melhor o etanol exportado, particularmente no mercado da Califórnia;
3. Ainda é preciso melhorar as questões de custo, que passam por melhoria da produtividade agrícola, e diluição dos custos fixos;
4. No longo prazo, uma melhor eficiência dos motores flex podem ajudar na precificação do hidratado, mas isso ainda demora.

 


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