Ministro reconhece que País pode ter buraco na oferta de combustíveis até 2023, o que abre perspectivas ao etanol
14-04-2015

No dia 8 de abril, o Ministro de Minas e Energia (MME), Eduardo Braga, deu uma declaração reveladora no Senado Federal. Fazendo uma projeção até 2023, ele reconheceu que há um buraco na oferta de combustíveis do País. Olhando os números, em menos de dez anos o Brasil não terá condições de suprir o mercado interno com gasolina e etanol, tendo que importar combustível. 

Isto porque a capacidade de refino de gasolina no país é limitada, pois os novos investimentos feitos pela Petrobras priorizaram o diesel. O Brasil não conseguirá produzir mais do que 29 bilhões de litros de gasolina neste período, o que indica para um déficit interno de 26 bilhões de litros.
Por outro lado, a indústria de etanol sofre uma grave crise de cerca de seis anos, que causou a estagnação da produção e o fechamento de várias unidades produtoras. Pode até aumentar a oferta do biocombustível rapidamente, mas precisa de investimentos e um cenário que garanta competitividade.
Diante deste cenário, se nada for feito, a única solução será importar gasolina, o que demandará alguns bilhões de dólares.
Se a constatação dos equívocos se transformar em novas atitudes e em medidas proativas, o governo terá que se mexer. Como novos investimentos no parque de refino de gasolina são demorados, criar condições para a retomada do crescimento do setor de etanol pode ser o caminho mais viável.

ETANOL PODE GANHAR OUTRA PERSPECTIVA - A causa deste descompasso entre oferta e demanda dos combustíveis no país sempre esteve dentro do próprio governo. No seu pronunciamento para os senadores, o Ministro disse que durante anos a administração federal levou em consideração para analisar o futuro do mercado de combustíveis no Brasil as previsões da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), que sempre se mostraram desconectadas da realidade. Ininterruptamente, neste período, o setor sucroenergético, o mercado e especialistas indicaram para o governo que havia uma análise equivocada do cenário, mas o tema nunca ganhou ressonância dentro dos gabinetes de Brasília.
Agora, para a agroindústria do açúcar e etanol, a torcida é que uma visão mais realista tenda a guiar a partir de agora as discussões sobre a participação do etanol na matriz energética brasileira.
Na opinião de Edmundo Barbosa, presidente do Sindálcool-PB e membro do Fórum Nacional Sucroenergético, o reconhecimento de que havia uma deficiência na análise da política de combustíveis no país é um grande avanço. “Agora temos uma situação mais realista. Percebe-se que o que era um Plano Decenal de Energia não passava de uma projeção estatística.” Segundo ele, é inconcebível ver um horizonte de aumento gradativo da importação de gasolina para atender a demanda interna. “É uma solução cara, e o país está sem dinheiro. A solução mais simples é estimular o etanol.”
Agora restar saber quais serão as medidas adotadas para suprir a demanda futura de combustíveis e se de fato o etanol será privilegiado por elas. Mesmo com todo o atraso.

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