Moagem de cana no CS ganha ritmo após início lento; produtividade deve aumentar
08-05-2019

Após um começo lento na moagem, a nova temporada de produção de açúcar e etanol do Brasil ganhou velocidade, com dados iniciais dos campos indicando que os volumes podem atingir o intervalo superior das previsões de analistas.

A Reuters visitou áreas de plantio nos últimos dias, conversando com usineiros e gestores na região de Ribeirão Preto, para coletar informações sobre as atuais operações e expectativas para os próximos meses.

O centro-sul do Brasil, maior região produtora de cana do mundo, moeu menos na última temporada, encerrada em março, registrando o terceiro ano consecutivo de recuo no processamento de cana, que somou 573 milhões de toneladas em 2018/19.

Isso foi resultado principalmente de um menor cuidado com a safra e do envelhecimento dos canaviais.

A maior parte dos analistas esperava um volume semelhante para a nova safra, de acordo com pesquisa da Reuters, em um intervalo de 565 milhões a 585 milhões de toneladas.

Chuvas favoráveis em março e abril, porém, parecem ter impulsionado as expectativas.

Algumas usinas aceleraram o processamento recentemente, como medida de precaução, para que tenham tempo de processar toda a safra, caso os volumes fiquem maiores à frente.

“Aumentamos um pouco o ritmo. Os rendimentos estão melhorando e não queremos correr o risco de que não seja possível moer toda a safra no período ideal”, disse Sergio de Paula Eduardo, diretor de planejamento do grupo Santa Adélia, que possui três usinas no Estado de São Paulo.

A empresa ainda trabalha com uma projeção conservadora para a moagem na nova temporada, de até 5,5 milhões de toneladas, 200 mil toneladas a menos que na safra anterior, devido à seca do final do ano passado.

Mas Eduardo disse, na sede da empresa em Jaboticabal, que há uma chance de que o número aumente.

A situação é semelhante nos canaviais da usina Bonfim, controlada pela Raízen, líder da indústria.

Segundo um supervisor, que pediu para não ser identificado por não estar autorizado a falar pela companhia, o alvo de produção da usina é de 96 toneladas de cana por hectare na atual safra, ante 83 toneladas na última temporada.

Ele afirmou que a usina espera moer 5,5 milhões de toneladas neste ano, contra 5,2 milhões de toneladas na temporada anterior. “Pelo que vimos até agora, os campos estão em melhores condições”, disse, em uma das fazendas fornecedoras da usina.

Luís Arakaki, proprietário da usina Alcoeste, em Fernandópolis, diz que espera moer 2 milhões de toneladas, ante 1,7 milhão na última temporada. “A cana parece boa, terei volumes maiores”, afirmou.

Mas algumas unidades de fato decidiram adiar o início da nova safra, conforme a Reuters noticiou anteriormente.

“Começamos a moagem em 1º de maio, cerca de um mês mais tarde que o normal”, disse Alberto José Otoya Dussan, diretor da usina Vale do Paraná, que pertence ao grupo guatemalteco Pantaleon.

Ele afirmou que a empresa decidiu deixar que os canaviais se beneficiassem da umidade tardia, o que ele acredita ter sido a decisão correta.

“Os campos parecem bem agora, estamos com um rendimento médio de 85 toneladas por hectare, maior que o da última safra.”

Eduardo, da Santa Adélia, disse que uma das usinas do grupo, em Sud Mennucci (SP), iniciaria a moagem nesta terça-feira, muito mais tarde que o normal, pelas mesmas razões mencionadas por Dussan.

 

 


Fonte: Reuters