Moagem de cana sofre queda em março, enquanto etanol de milho ganha espaço no mercado
28-03-2025

Produção de açúcar e biocombustíveis segue dinâmica com desafios e avanços no setor sucroenergético
A moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil registrou uma significativa redução na primeira quinzena de março, enquanto a produção de etanol de milho apresentou um crescimento expressivo, consolidando sua participação no mercado de biocombustíveis, conforme divulgado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (UNICA), nesta quinta-feira (27).
Nos primeiros quinze dias de março, as unidades produtoras da região Centro-Sul processaram 1,83 milhão de toneladas de cana-de-açúcar, uma queda de 17,81% em relação ao mesmo período da safra 2023/24, quando o volume alcançou 2,22 milhões de toneladas. No acumulado da safra 2024/25, até 16 de março, o processamento totalizou 617,28 milhões de toneladas, refletindo um recuo de 4,94% em comparação ao ciclo anterior.
Início da nova safra e operação das usinas
O avanço da safra 2025/26 trouxe a entrada de novas unidades operacionais no setor. Nos primeiros quinze dias de março, 19 unidades iniciaram suas atividades, elevando o total para 37 usinas em operação na região Centro-Sul. Destas, 22 estavam dedicadas ao processamento da cana, 10 focadas na produção de etanol de milho e cinco operando como usinas flex. Em comparação, no mesmo período do ano anterior, 41 usinas estavam em atividade.
Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da UNICA, comentou sobre a retomada das atividades: "Estamos observando a reativação gradual da moagem das usinas neste período. Para a segunda quinzena de março, pelo menos outras 19 unidades devem retomar suas operações, sujeitas a variações nas condições climáticas e logísticas".
Qualidade da matéria-prima e produção de açúcar
O teor de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) apresentou uma queda expressiva de 9,82% na primeira quinzena de março, registrando 99,17 kg por tonelada de cana, contra os 109,96 kg do mesmo período da safra anterior. No acumulado do ciclo, o ATR chegou a 141,35 kg por tonelada, representando um leve aumento de 1,38%.
A produção de açúcar na quinzena somou 52 mil toneladas, uma retração de 19,10% em relação ao mesmo período do ano passado. Desde o início da safra até 16 de março, a produção acumulada atingiu 39,98 milhões de toneladas, um recuo de 5,34%.
Etanol de milho ganha força no mercado
Em contrapartida à queda na moagem de cana, a produção de etanol seguiu em crescimento. A produção total de etanol no Centro-Sul alcançou 441,5 milhões de litros na primeira quinzena de março, sendo 367 milhões de litros de etanol hidratado (+9,18%) e 74,6 milhões de litros de etanol anidro (+144,20%). No acumulado da safra, o volume produzido de biocombustível chegou a 34,42 bilhões de litros, um crescimento de 4,11%.
O grande destaque foi o etanol de milho, que representou 82,77% da produção total na quinzena, atingindo 365,47 milhões de litros, um crescimento expressivo de 41,08% em comparação ao ano anterior. No acumulado da safra, a produção desse biocombustível atingiu 7,83 bilhões de litros, um aumento significativo de 31,22%.
Comercialização de etanol e impactos no setor
As vendas de etanol na primeira quinzena de março totalizaram 1,34 bilhão de litros. O volume comercializado de etanol hidratado no mercado interno foi de 805,60 milhões de litros, uma queda de 15% em relação ao mesmo período do ano anterior. Por outro lado, as vendas de etanol anidro cresceram 4,18%, alcançando 482,36 milhões de litros.
Desde o início da safra até 16 de março, a comercialização de etanol somou 34,03 bilhões de litros, um crescimento de 8,91%. O etanol hidratado teve um incremento de 14,66%, chegando a 21,90 bilhões de litros vendidos, enquanto o anidro registrou uma leve queda de 0,13%, totalizando 12,13 bilhões de litros.
"O aumento expressivo de quase 15% nas vendas de etanol hidratado no acumulado da safra reforça a competitividade do biocombustível, oferecendo mais opções ao consumidor e contribuindo para a redução dos custos com combustíveis", afirmou Rodrigues.
Mercado de CBios e sustentabilidade
O mercado de créditos de descarbonização (CBios) segue dinâmico. Segundo dados da B3 até 24 de março, os produtores de biocombustíveis emitiram 10,30 milhões de créditos CBios em 2025. Atualmente, há 22,91 milhões de créditos disponíveis para negociação entre agentes obrigados, não obrigados e emissores.