Movido a etanol, avião agrícola Ipanema completa 10 anos
05-11-2014

No mês de outubro de 2014 completou-se exatos 10 anos que o primeiro avião foi certificado a usar 100% de etanol de cana como combustível. O Ipanema (EMB 202A), com uma tecnologia inédita no mundo, é um marco para a indústria de aviação e para o setor sucroenergético.

Usado principalmente na aplicação de fertilizantes e defensivos agrícolas, o avião é o único no mundo a sair de fábrica certificado para voar com o biocombustível. Comercializado pela Empresa Brasileira de Aeronáutica - Embraer, o Ipanema, ao longo da última década reduziu o impacto ambiental e os gastos com a operação e a manutenção da aeronave.

“Eficiente e com menor custo, o etanol foi uma alternativa que agradou aos clientes – muitos dos quais produtores de cana,” afirmou o Gerente Comercial da Embraer, Fábio Bertoldi Carretto.

Além do Ipanema, a empresa também produz kits que convertem aeronaves movidas a combustível fóssil de aviação para o uso com o etanol. A Embraer já comercializou 269 aviões e 205 kits do gênero.

“O Ipanema movido a etanol é sem dúvida uma grande conquista para a indústria da cana. Uma tecnologia que beneficia não apenas os donos dos aviões, mas a comunidade de uma maneira geral, visto os benefícios ambientais gerados com o seu uso,” defendeu o consultor em Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc.

Voos comerciais mais sustentáveis

Há mais de três anos promovendo testes com combustíveis renováveis, o setor aéreo tem até o ano de 2050 para atingir uma redução de quase 50% de suas emissões de gases causadores do efeito estufa atuais. Para colaborar com a meta, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) aceitou em resolução de 2013, a adição de até 50% de bioquerosene ao combustível convencional de aviação (QAV1).

A TAM, em 2010, realizou a sua primeira viagem teste utilizando uma mistura de querosene tradicional e 50% de combustível feito a partir de pinhão manso em uma das turbinas. Combinação que provou ser menos poluente e com a mesma eficiência energética que o combustível tradicional.A mesma Embraer, pioneira no uso etanol com o Ipanema, em junho de 2012, durante a Rio +20, em parceria com a Azul Linhas Aéreas Brasileiras, realizou um voo com um jato EMB 195 abastecido com 50% de combustível renovável, feito à base de cana-de-açúcar, produzido no Brasil pela Amyris.

A GOL, em outubro de 2013, realizou seu primeiro voo comercial teste partindo de São Paulo com destino Brasília, utilizando biocombustível, uma mistura de 25% de óleo de milho e de gorduras residuais junto ao querosene de origem fóssil. Em julho deste ano, a empresa foi a primeira do País a utilizar a mistura de 10% de combustível renovável a partir da cana-de-açúcar, e 90% de combustível fóssil em um voo internacional, entre Orlando (Estados Unidos) e Santo Domingo (República Dominicana). Ao longo do último ano, a empresa realizou mais de 200 voos verdes.

No mundo a fora, desde 2008, companhias aéreas investem no uso de biocombustível. Mais de 1.500 voos comerciais e militares já foram realizados com misturas de querosenes renovável e fóssil.

“Essa combinação diminuirá a emissão de gás carbônico na atmosfera, gerando grandes benfeitorias para a indústria aeronáutica e agregando novos benefícios para a atividade canavieira,” explicou o consultor da UNICA.