MPB tende a fortalecer os fornecedores de cana
28-03-2014

Nos dias 18 e 19 de fevereiro, o Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) realizou em Ribeirão Preto mais uma edição do Curso de MPB (Mudas Pré-Brotadas). Inicialmente, pensava-se em organizar esses eventos voltados a usinas e produtores de cana uma vez por semestre, mas a demanda pela formação nesse tipo de tecnologia tem sido acima da expectativa. Uma nova edição do curso já está programada para abril deste ano.
O mercado está entusiasmado com as mudanças que essa tecnologia tende a trazer para o sistema produtivo.

Marcos Landell, coordenador do Centro de Cana, acredita que o MPB pode revolucionar principalmente as oportunidades para os fornecedores de cana. “Imaginemos um produtor de cana que cultiva 100 hectares. Hoje tem dificuldade de conseguir a própria muda. Fica dependendo da usina onde entrega sua cana, muitas vezes não conseguindo determinada variedade que tem interesse. E nesse caso não adianta conhecer solo, ou a matriz de ambiente, se não consegue aplicar isso”, explica Landell. Desse modo, segundo ele, o fornecedor não consegue estabelecer uma estratégia mais técnica de manejo varietal.

Já o MPB vai permitir isso. Se o fornecedor produz 100 ha e reforma 15 ha por ano, precisará de pouco mais de 200 mil mudas anualmente para realizar essa reforma. No sistema de produção do MPB, consegue em vinte dias cortar minitoletes e colocá-los para germinar visando produzir esse volume de mudas, mesmo utilizando o sistema manual de corte dos pequenos toletes. “E vai conseguir tirar mudas, na quantidade necessária de gemas, em um terço de hectare. Ou seja, vai precisar de um terço de hectare, de viveiro matrizeiro, para plantar os 15 hectares.”

Segundo Landell, o fornecedor terá oportunidade, por exemplo, de pegar uma nova variedade, que representa um avanço na sua região. Nesse caso, mesmo com um pouco de muda desse material, mesmo utilizando uma área pequena, pode multiplicar numa taxa de 1 para 70, 1 para 80, 1 para 100. E para plantar, utiliza uma máquina pequena, puxada por um trator que não precisa ter muita potência. “Teoricamente, uma máquina dessa planta 3 ha por dia. O produtor terá possibilidade de fazer plantio na sua melhor janela”, explica Landell.

Por esses argumentos, o pesquisador reitera que o MPB pode reacender as oportunidades para fornecedores pequenos, médios e grandes. “Mas para isso é importante que os fornecedores se capacitem. E sobre a mecanização, tem fornecedor que pode até criar patrulhas mecânicas especializadas no plantio do MPB, prestando serviço de plantio no mercado e não deixando a máquina parada.”

Para ele, se tiver produtor fazendo esse processo de modo especializado, isso pode significar maior produtividade e retorno financeiro. “Uma mudança de paradigma em termos de produtividade aos fornecedores, que poderão se tornar até mais eficientes do que uma grande empresa porque a área de gestão dele é menor. Irá reduzir custos de plantio.”