Muitos foram os desafios para instalar a Usinas Itamarati no interior do Mato Grosso
17-06-2015

Ao ter um projeto aprovado pela Sudam, em 1967, para instalar um empreendimento de cria, recria e engorda de gado em terras adquiridas no município de Barra do Bugres, norte do estado do Mato Grosso, o empresário Olacyr de Moraes abraçou um dos maiores desafios da vida. 

“A implantação do projeto obrigou-nos a enfrentar grandes dificuldades, decorrentes das condições inóspitas do local na décadas de 60 e da absoluta falta de infraestrutura em termos de meio de transporte, comunicações, abastecimento e recursos humanos”, relatou Olacyr.

O acesso à fazenda que se desejava instalar em Barra do Bugres abrigou a abertura de picadas na mata, que permitissem o ingresso de equipamentos, víveres, materiais e pessoal. A execução das obras necessárias, inclusive sistema viário, demandou investimentos significativos e trabalho incansável.

“Tinha certeza de que o Mato Grosso se tornaria um grande produtor agrícola, pois tem terras abundantes, clima regular, solo de grande fertilidade, além de uma população em franca expansão desde aquela época”, contou Olacyr de Moraes.

A dedicação e o pioneirismo de Olacyr renderam frutos, que foram importantes para o desenvolvimento do Centro-Oeste brasileiro. “Em 1980, estimulados pelo Proálcool, constituímos as Destilarias Itamarati S.A., iniciando naquele ano a implantação da primeira destilaria de álcool em Barra do Bugres, norte do Estado do Mato Grosso.”
Na época, construiu uma moderna destilaria, utilizando da mais avançada tecnologia. Ao invés de adquirir “pacote pronto”, que se trazia vantagem de ser mais barata, mas apresentava a desvantagem da manutenção mais onerosa, com maiores períodos de ociosidade. Nascia a Usinas Itamarati, que por muitos anos foi a maior usina de açúcar e álcool do Centro-Oeste. Chegou a ser considerada a maior produtora do Brasil de etanol carburante e cana moída.
Mas Olacyr sabia que era um investimento ousado. “A amortização dos investimentos nesse setor deverá ser feita em muitos anos, porque uma coisa é instalar uma destilaria de álcool no Estado de São Paulo e outra é instalar na Amazônia”, dizia Olacyr.

Uma moderna destilaria foi montada, com capacidade de produção de 35 milhões de litros de etanol. Um projeto arrojado para as atividades de todo o Estado. A construção da empresa gerou euforia na população; as pessoas viam ali o embrião do desenvolvimento. “Isso criou nos moradores uma perspectiva de crescimento, com criação de empregos e geração de renda”, conta o empresário.

O novo cenário causou impacto. Empresas começaram a chegar, assim como equipamentos e maquinário pesado. Pessoas de outros Estados se instalavam na região. Crescendo ao lado da Destilarias, o distrito de Nova Olímpia se transformaria em cidade oficialmente em 1986.

Com o uso da mais moderna tecnologia, a Destilarias Itamarati contava também com um corpo técnico de renome nacional. Em 1983, depois de cultivar sete mil hectares de cana-de-açúcar, teve início a primeira safra da Usinas Itamarati, com a produção de 150 mil litros de etanol por dia. O novo empreendimento gerou na época mais de 300 novos empregos diretos e cinco mil indiretos, abrindo nova fronteira no desenvolvimento do Estado do Mato Grosso.
Ao mesmo tempo em que concretizava o projeto da unidade de fabricação de álcool, comemorava os benefícios sociais advindos do projeto. “Você ver na Amazônia, ao lado da destilaria, uma cidadezinha ir se formando nos moldes de São Paulo, casinhas bem cuidadas, gente ganhando salário satisfatório. Isto é realmente uma coisa muito importante que acontece no país. A mudança de mentalidade que a agricultura traz é espetacular.”

Pouco depois de instalar sua usina no interior do Mato Grosso, ganhou força no país a luta por direitos dos trabalhadores rurais no setor canavieiro, período marcado pela Greve de Guariba, em 1984. Um tema espinhoso para muitos empresários, mas não para Olacyr, que tinha uma visão bastante sensata e equilibrada sobre o tema.

Ele acreditava na convivência harmoniosa e proveitosa entre o dono dos meios de produção e a força de trabalho. “Eu acho que os trabalhadores rurais fazem muito bem de pleitear e de lutar pelos seus direitos. Acho que pressões são legítimas, devem ser feitas, e quem não as fizer vai ficar para trás. Porém, nós devemos ter o senso de até onde podemos chegar. Não adianta sair por aí incendiando canaviais, nem destruindo indústrias. Pressionar o máximo é válido, mas dentro do bom senso, sem deixar que o movimento reivindicatório extrapole para a violência, com prejuízos muito grandes para o país. Todos devem lutar por melhores condições”, disse Olacyr numa entrevista à Gazeta Mercantil.

Veja mais notícias na Revista CanaOnline, visualize no site ou baixe grátis o aplicativo para tablets e smartphones – www.canaonline.com.br.