“Não houve desmonte do CTBE”, afirma Cerqueira Leite, diretor do CNPEM
12-12-2017

Notícias sobre demissões e possível paralisação do laboratório, referência em bioenergia, preocupam entidades do setor sucroenergético

Andréia Vital

O Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), um dos quatro Laboratórios Nacionais do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), localizado em Campinas-SP, foi um dos principais assuntos no mundo da cana nos últimos dias. Pioneiro em pesquisa e inovação voltada à produção de energia, bioquímicos e biocombustíveis avançados a partir de biomassa e um dos principais agentes envolvidos na implantação do RenovaBio, programa do Governo Federal para incentivar a expansão da produção de biocombustíveis no Brasil, o CTBE sofreu um desfalque em sua equipe este mês, surgindo rumores que suas atividades seriam encerradas em breve.

O clima de incertezas gerou uma manifestação por parte de entidades ligadas ao setor sucroenergético, que preocupadas com o futuro do laboratório, solicitaram o apoio do ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Gilberto Kassab, através de uma carta assinada pelo presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, André Rocha; presidente executivo da ABBI, Bernardo Silva; presidente da UNICA, Elizabeth Farina; diretor superintendente da UBRABIO, Donizete Tokarski; presidente executivo da UDOP, Antonio Cesar Salibe e pelo presidente executivo da ABIOGÁS, Alessandro Gardemann.

“O setor que representamos conta com aquele Laboratório Nacional como componente-chave do fomento à inovação na indústria de biocombustíveis, em alinhamento direto com os propósitos e instrumentos do RenovaBio. O RenovaBio torna, nesse contexto, imprescindível a continuidade do trabalho do CTBE, especialmente na linha reforçada sob sua última gestão”, ressalta trecho da correspondência enviada pelas lideranças do segmento destacando a importância do Laboratório, inaugurado em 22 de janeiro de 2010.

De acordo com Rogério Cezar de Cerqueira Leite, diretor Geral Pro Tempore do CNPEM, o ambiente no CTBE é tranquilo e construtivo, ao contrário do que dizem os rumores. “Eu afirmo que não houve um desmonte do CTBE”, diz, completando “Houve uma reestruturação do Laboratório. A responsabilidade do CTBE, assim como dos demais Laboratórios Nacionais do CNPEM, é com a pesquisa científica de qualidade mundial. Essa atividade acontece há anos e continua com eficiência, apesar das dificuldades do cenário econômico. Não acredito que haja problemas para o programa de desenvolvimento do bioetanol devido às demissões”, defende, comentando que o andamento dos projetos do CNPEM está assegurado.

Quanto às demissões de 40 dos 130 funcionários do CTBE nos últimos dias, inclusive de seu diretor, Gonçalo Amarante Guimarães Pereira, Leite explicou que foram necessárias e divididas em dois blocos. “20 pessoas foram demitidas devido ao término de um projeto financiado por uma empresa privada que ressarcia parte de seus salários. Os demais funcionários foram desligados devido à reestruturação das frentes de ação do CTBE, as quais devem ser estrategicamente alinhadas à missão do CNPEM, que tem como prioridade promover atividades científicas de excelência”, alegou. Segundo ele, as duas situações são permeadas também pela necessidade de redução de custos, já que orçamento do CNPEM foi reduzido em 42% este ano e não ocorreu contratação de novos projetos ou adequação dos custos de operação do CTBE aos recursos disponíveis.

“O desenvolvimento científico e tecnológico e o apoio à inovação é a missão do CNPEM e norteiam as decisões da gestão do Centro. Neste momento, reuni uma equipe qualificada, com gestores e pesquisadores ligados à área de pesquisa e desenvolvimento para revisar as frentes de ação do Laboratório e reestruturar suas atividades, juntamente com os funcionários do CTBE”, conclui o diretor do CNPEM, também autor de uma carta endereçada ao ministro Kassab, reforçando a incumbência do Centro e a continuidade de suas atividades.

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