Nematóides: manejo integrado e diagnóstico sustentam produtividade da cana
05-11-2025
No 2º Encontro da Esfera, Dra. Angélica Miyamoto detalha perdas e estratégias contra Meloidogyne e Pratylenchus
Por Andréia Vital
Realizado na quinta-feira (30) no CTC, em Piracicaba - SP, o 2º Encontro da Esfera reuniu especialistas como a dra Angélica Miamoto, da Araucária Soluções Agronômicas, que apresentou um panorama dos nematóides na cana e foi taxativa: são “inimigos invisíveis” e nativos do solo brasileiro, que explodem quando se perde o equilíbrio biológico.
Angélica apresentou resultados de ensaios sobre a consequência, dos nematóides em variedades diferentes de cana e citou impacto equivalente a 1,7 ano safra por década, lembrando que mais de 60% das áreas têm ao menos uma espécie dos pequenos vermes. Destacou dois grupos críticos: Meloidogyne (nematóides-das-galhas), que altera a fisiologia e reduz a absorção de água e nutrientes; e Pratylenchus (nematóides das lesões radiculares), que rompe tecidos e facilita patógenos. Um indivíduo de Meloidogyne pode gerar centenas de ovos, multiplicando-se rapidamente.
“Não existe planta totalmente resistente ao nematóide das lesões. O que buscamos é tolerância e estabilidade produtiva. O objetivo é conviver com eles mantendo a rentabilidade do canavial”, afirmou.
A decisão de manejar começa no diagnóstico: coleta de raízes vivas e jovens, envio ao laboratório e monitoramento anual para acompanhar a eficácia e a composição. “Não existe nível fixo de dano econômico; depende do ambiente: textura, compactação, matéria orgânica e água”, afirmou.
A estratégia recomendada combina quatro pilares: químico (efeito de choque no início), biológico (construção de supressividade ao longo do tempo), genético (seleção de materiais tolerantes, não necessariamente resistentes) e cultural (rotação, adubação verde, destruição de soqueiras). Plantio e renovação são a janela mais eficaz para reduzir a pressão populacional.
A pesquisadora alertou que o manejo deve proteger as variedades tolerantes, evitando o uso repetido em áreas contaminadas. “Quando o material fica desprotegido, em poucos anos a tolerância cai. É preciso preservar o potencial genético e manter o equilíbrio populacional”, disse.
Nos estudos, materiais como CTC 9006 e CTC 9007 apresentaram bom desempenho produtivo mesmo sob alta infestação, com redução de até 55% da população parasita quando associado o uso de nematicidas químicos e biológicos. “O químico dá o primeiro choque, mas o biológico é o que sustenta o equilíbrio no longo prazo. Hoje, 68% das áreas produtoras já utilizam controle biológico”, destacou.
Por fim, Angélica enfatizou que nenhum insumo é eficaz em solos degradados. “A base de tudo é a qualidade do solo. Sem estrutura e biologia equilibradas, não há tecnologia que entregue resultado”, concluiu.
Confira:

