Nos EUA, setor produtivo quer duplicar exportação de etanol
20-10-2016

A meta poderá elevar a demanda por milho e ajudar a economia agrícola americana, que enfrenta dificuldades.

O Conselho de Grãos dos EUA, uma entidade sem fins lucrativos, costura uma estratégia para promover o etanol do país em mercados como México, Japão e Índia, informou seu presidente, Tom Sleight. O plano vem na esteira de uma série de seminários realizados pelo conselho sobre a utilização de etanol na China.

Os EUA, maiores produtores mundial de biocombustíveis, têm condições de exportar cerca de 3,4 bilhões de litros de etanol este ano, segundo a Associação de Combustíveis Renováveis americana. "Chegar a 7,6 bilhões de litros é uma meta de curto prazo", disse Sleight. "Mas sabemos que isso não vai acontecer da noite para o dia".

O mercado interno americano está saturado porque a maioria dos postos comercializam gasolina misturada com um percentual não superior a 10% de etanol. A maior parte do etanol americano é feito a partir do milho, e o volume do cereal usado no segmento se estabilizou em cerca de 134 milhões de toneladas este ano, após um aumento vertiginoso desde 2005.

Assim, as exportações são uma alternativa de escoamento para as refinarias. As remessas têm sido sólidas, embora os embarques para a Europa tenham de enfrentar tarifa antidumping. Países tão diferentes como Canadá, Brasil e Filipinas têm comprado etanol produzido no Meio-Oeste americano, onde uma superoferta de milho deprimiu as cotações do grão.

É muito provável que as refinarias americanas produzam mais de 56 bilhões de litros de etanol em 2016. "Se o país conseguir mesmo duplicar as exportações, isso ajudará muito as refinarias", disse Christoph Berg, diretor-executivo da F.O. Licht. Uma demanda adicional por etanol americano de 4,2 bilhões de litros equivale a quase 10 milhões de toneladas de demanda adicional por milho, segundo cálculo baseado em um rendimento médio de 10,6 litros de etanol por bushel (25,2 quilos) de milho.

A missão do Conselho de Grãos dos EUA é desenvolver mercados de exportação para grãos como milho e cevada e para produtos correlatos, como o etanol. Entre os membros do conselho estão tradings multinacionais e companhias de sementes. Uma parte significativa dos recursos que o financiam vem do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), que lhe concedeu mais de US$ 10 milhões no último ano-fiscal federal.

O conselho implementa seu programa de promoção do etanol em parceria com o USDA e com duas entidades ligadas ao etanol - Growth Energy e RFA. Sleight advertiu que "muitas coisas ainda precisam ser resolvidas" para que o conselho possa expandir o programa significativamente.

Segundo Sleight, as oportunidades variam conforme o país. O Japão, por exemplo, vai reavaliar sua política de biocombustíveis, enquanto o México estuda o uso de oxigenados (um aditivo à gasolina empregado para melhorar as emissões dos veículos) e a Índia se empenha em reduzir a poluição em cidades como Nova Déli.

Geoff Cooper, da RFA, disse que, embora vários países tenham adotado políticas de biocombustíveis, "alguns deles estão sendo subatendidos pelos setores domésticos. Há oportunidade para as exportações cobrirem a diferença".