O balanço do clima
30-06-2014

*Danielle Barros Ferreira

Na média, os meses de janeiro a março são considerados meses de verão e as chuvas são frequentes em praticamente todo o País, com exceção do nordeste de Roraima e do leste do Nordeste. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, as chuvas neste período são ocasionadas, principalmente, pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), enquanto que no norte da região nordeste e na região norte, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é o principal sistema responsável pela ocorrência de chuvas.
Neste começo de ano, houve ausência de episódios bem configurados da ZCAS, ocasionando chuvas abaixo da média em grande parte das regiões sudeste e centro-oeste. Já a ZCIT, permaneceu em torno de sua posição climatológica, favorecendo as chuvas, principalmente na parte norte da região nordeste.
Ressalta-se ainda que durante o verão as temperaturas máximas apresentaram valores muito acima da média na região sul. A causa disto foi o posicionamento de um Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) intenso e deslocado em relação a sua posição normal, associado às condições de bloqueio atmosférico em níveis médios da atmosfera.
Com a chegada do outono, houve a normalização das chuvas nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, porém na região sul e oeste da região Norte foram observados eventos severos de chuvas com fortes impactos na população.
Segundo a climatologia, nos meses de abril e maio a temperatura tende a declinar nas regiões sul e sudeste, aumentando a incidência de geadas, principalmente em áreas serranas, como ocorreu no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e São Paulo.
EL NIÑO
Um fator determinante para a previsão da evolução do fenômeno El Niño é o monitoramento da temperatura do mar nas camadas subsuperficiais do Pacífico Equatorial, a qual começou a apresentar valores acima da média a partir do mês de março. Geralmente, o El Niño dura aproximadamente um ano, com início no outono e atinge o máximo no verão. Porém, a intensidade, a evolução e a duração do fenômeno, variam de evento para evento. A maioria dos modelos de previsão climática indica o desenvolvimento do fenômeno, no decorrer do trimestre junho, julho e agosto de 2014 (JJA/2014). Apesar da concordância entre os modelos, ainda existe uma incerteza com relação à sua intensidade. Em geral, os anos de El Niño favorecem a agricultura no sul do Brasil pelo aumento das chuvas, que ocorrem em maior quantidade e frequência, principalmente na primavera. Por outro lado, a parte norte das regiões Norte e Nordeste tem usualmente a agricultura prejudicada devido à redução no volume da chuva. No entanto, o padrão de anomalia positiva da TSM no Pacífico Equatorial no mês de maio ainda não caracteriza alteração no regime de chuvas no começo do trimestre (JJA/2014). Os modelos apontam para um aumento desta anomalia no decorrer do ano, principalmente a partir do final do trimestre JJA.
O CLIMA NO INVERNO
Segundo a previsão climática realizada no mês de maio, elaborada pelo INMET em consenso com INPE/CPTEC para o Inverno (JJA), indicou maior probabilidade de ocorrência de totais pluviométricos na categoria abaixo da normal para o norte da Região Norte e 40% de probabilidade de ocorrência de chuvas na categoria normal para a faixa leste do Nordeste, pois anomalias positivas de TSM ao longo da costa leste do Nordeste representam condições favoráveis para o desenvolvimento de chuvas intensas. Para a área que inclui a maior parte da Região Sul e o sul do Mato Grosso do Sul, a previsão por consenso indicou a distribuição de probabilidades: 35%, 40% e 25%, para as categorias acima, dentro e abaixo da faixa normal, respectivamente. Para esta área, a previsão por consenso foi baseada tanto no desenvolvimento do fenômeno El Niño quanto nas anomalias positivas de TSM adjacente à costa sudeste do Brasil. Para as demais áreas do País, a previsão indicou igual probabilidade para as três categorias.