O pior já passou, mas cadeia de suprimento desafia, diz Cosan
18-05-2021

Embora a pandemia ainda tenha afetado a demanda de combustíveis no primeiro trimestre, a Cosan avalia que o pior momento da crise desencadeada pela covid-19 já foi superado e as operações do grupo estão preparadas para enfrentar desafios que persistem, entre os quais a desorganização na cadeia de suprimentos. "Ainda haverá desafios e algumas dificuldades. Mas fizemos a lição de casa e estamos confiantes de que estaremos lá para nossos parceiros e teremos um bom restante ano", disse o presidente do grupo, Luis Henrique Guimarães, ao comentar o desempenho financeiro nos três primeiros meses do ano.

A perspectiva positiva levou a Cosan a reafirmar as metas estabelecidas para o resultado operacional (Ebitda) em 2021, com previsão de crescimento em todos os negócios. Na Raízen, considerando-se a distribuição de combustíveis e o varejo de proximidade no Brasil, a previsão para o ano é de crescimento de até 50%, chegando a R$ 2,8 bilhões no teto do intervalo projetado. Para a operação da Raízen Argentina, a previsão é de Ebitda de até US$ 160 milhões, com expansão de 70%.

De janeiro a março, o Ebitda ajustado do grupo subiu 8,1% na comparação anual, a R$ 2,58 bilhões, enquanto o lucro líquido ajustado avançou 17,9%, para R$ 764,6 milhões, com expansão na maior parte dos negócios - renováveis (produção e venda de etanol e energia) e açúcar foram exceção. "A vacinação claramente funciona. Os números estão caindo onde há vacinação em massa e estamos vendo aumento na demanda. Acho que todo os negócios se beneficiarão disso", acrescentou.

Questionado sobre o conservadorismo do grupo no estabelecimento das metas de resultado para 2021, Guimarães disse que o momento ainda é de volatilidade e explica essa postura.

Depois de reportar melhora da rentabilidade no negócio de Marketing e Serviços, que compreende a distribuição de combustíveis da Raízen e lojas de proximidade no Brasil e refino na Argentina, a Cosan está otimista com o desempenho no curto prazo, segundo o gerente de Relações com Investidores da companhia, Phillipe Casale.

No primeiro trimestre, o Ebitda dessa unidade de negócios chegou a R$ 1 bilhão, com alta de 48,3% na comparação anual e de 12,2% frente ao quarto trimestre. No Brasil, o Ebitda totalizou R$ 696,4 milhões, alta anual de 22,5%, enquanto na Argentina o resultado mais que dobrou, para R$ 339,9 milhões. "Estamos otimistas com as oportunidades de negócio para o restante do ano, em linha com as projeções anunciadas", disse o executivo.

No início do ano, novas restrições à circulação no país tiveram impacto na demanda do ciclo Otto (etanol e gasolina), com queda de 3,2%. Mas o consumo de diesel permaneceu forte, com evolução anual de 14%. Segundo Casale, essa expansão foi resultado da estratégia comercial da Raízen e da maior demanda no setor agrícola.

Em combustível para aviação, houve recuperação sequencial, mas os volumes seguem muito abaixo da média histórica. "Readequamos nossas operações para que o novo patamar de demanda seja atendido e estamos prontos para captar novos volumes com a retomada do setor", disse.

Especificamente no Brasil, a estratégia de suprimento e comercialização de combustíveis no trimestre levou à melhora da rentabilidade, apesar dos volumes menores de venda. No intervalo, a margem Ebitda por metro cúbico no país chegou a R$ 112, comparável a R$ 91 um ano antes e também no quarto trimestre. Conforme Casale, o avanço nas margens deve-se também ao foco em eficiência operacional.

No negócio de lojas de conveniência e proximidade, o grupo Nós, joint venture entre Raízen e Femsa, houve aceleração da abertura de lojas sob as bandeiras Oxxo e Shell Select, com adição líquida de 65 pontos de venda no trimestre. Na Argentina, houve melhora sequencial de demanda de combustíveis e rentabilidade, com expansão do consumo tanto no varejo quanto no segmento empresarial.

A alavancagem financeira da Cosan voltará nos próximos trimestres ao nível de 2,5 vezes, que é considerado confortável, na esteira da melhora do Ebitda) em 12 meses, apontou Casale. Em março, a dívida líquida correspondia a 3,1 vezes o Ebitda em 12 meses, contra 3,2 vezes em dezembro, ainda refletindo o resultado operacional mais fraco do segundo trimestre do ano passado, quando as restrições à circulação afetaram mais fortemente a distribuição de combustíveis.

Conforme Casale, o endividamento bruto da Cosan foi reduzido em 9% no trimestre, para R$ 41,26 bilhões, após um esforço conjunto das empresas de gestão de passivos, que incluiu o pré-pagamento de algumas dívidas. Por essa razão e diante do aumento dos investimentos, o fluxo de caixa livre dos acionistas (FCFE) ficou negativo em R$ 3,77 bilhões.

Fonte: Valor Econômico
Texto extraído do boletim SCA