O Preço que estamos pagando
04-05-2015

Por Hélio Colombo

Brasil, com suas politicas econômicas delirantes, incompetentes, omissas e, até certo ponto irresponsáveis assolou a Petrobras; orgulho, símbolo e modelo em gestão para todos os brasileiros e para o mundo. De quebra, este desequilíbrio econômico mórbido arruinou os usineiros deste e de todos os países produtores de açúcar.

O recém-empossado presidente do conselho deliberativo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Sr. Luiz Roberto Pogetti, resumiu o que acontece na cadeia produtiva do açúcar. Um ciclo que costumava durar no máximo três anos, desta vez, já se arrasta por mais de cinco e, se não forem imediatamente tomadas as providencias necessárias, vai se perpetuar por muitos e muitos anos.

Hoje, obviamente o preço da nossa gasolina é à base do preço internacional do açúcar. Perspectiva cristalina ao nosso entendimento; pois senão vejamos: 01 (uma) tonelada de cana produz em média 90 litros de álcool. Esta mesma tonelada produz em média 2,72 sacas (50 kg) de açúcar; ou seja, 136 Kg de açúcar. Portanto, uma saca de 50 kg de açúcar é equivalente a aproximadamente 33 litros de álcool.

Se o litro da gasolina custar na bomba R$ 3,00; o preço do álcool, baseado no ponto de referência (70%) terá o custo máximo de R$ 2,10 nos postos de abastecimento. Enquanto que nas usinas, este preço sobrestará, no máximo, a casa dos R$ 1,30 e R$ 1,50, sem e com os tributos, respectivamente.

Destarte, se tomarmos por base 90 litros de álcool por tonelada de cana, teremos na usina, livre de impostos: R$ 117,00 a tonelada (90 lts x R$ 1,30); R$ 0,860 o kg do açúcar (R$ 117,00 divididos por 136 Kg); ou, R$ 43,00 a saca de 50 Kg (0,860 x 50).

Diante do exposto, não é irracional dizer que todo o mercado internacional do açúcar esta a mercê do preço da gasolina. Pois, tendo as Tradings esta carta nas mangas (este preços), as ofertas sobre os nossos produtos se balizarão, indubitavelmente, no preço da gasolina, o que será certamente a ruina de todo o setor sucroalcooleiro, quiçá, de todo mercado internacional do açúcar.

Sem exageros, podemos assegurar que, com uma politica mais adequada para o preço do açúcar (maior lucratividade) podemos produzir o essencial para todo o mercado internacional. Outrossim, se for necessário 1 milhão de toneladas, ou mais, o Brasil pode permutar facilmente 660.000.000 litros de álcool, para cada 1.000.000 de toneladas de açúcar.

Concluindo, podemos afirmar, sem a menor sombra de duvidas, que se houver um planejamento, equilibrado e prudente, sobre o preço da gasolina edificamos não só a Petrobras, como também, consequentemente, todos os demais setores que passam por dificuldades (usineiros, fornecedores de cana-de-açúcar, metalúrgicos etc).

Enfim, se o gigante adormecido demorar a acordar, promovendo politicas mais sólidas e eficazes, sobretudo a curto prazo, principalmente direcionadas aos setores considerados essenciais e estratégicos para o crescimento desta nação; dentre eles o sucroalcooleiro, nada mais nos restará, senão a falência de todas as nossas instituições.

Hélio Colombo é diretor do Grupo Colombo.