O setor precisa de regras claras e estáveis para voltar a crescer
09-12-2015

Para Antônio Cesar Salibe, presidente executivo da Udop (União dos Produtores de Bioenergia), em vários momentos, ao longo da história, a economia do Brasil esteve bem, enquanto o setor sucroenergético brasileiro passava por dificuldades, e vice-versa. Coincidências? O fato é que a atividade canavieira já apresenta sinais de recuperação, de acordo com os analistas, devendo entrar de vez num período promissor em 2016, ao contrário da economia brasileira, cujos indicadores vão se deteriorando mês a mês. Um cenário que tende a ficar mais complicado para a conjuntura econômica do país no próximo ano.
Segundo Salibe, momentos difíceis da economia brasileira já foram verificados em outros períodos de relativa tranquilidade para o setor sucroenergético. Mas isso não é coincidência. Existe uma razão atrás dessa lógica, que se chama “governo”. “Na verdade, os governantes criam momentos positivos para o Brasil congelando artificialmente os preços dos combustíveis. Assim, politicamente, se tem a impressão de que está tudo bem.”
Mas esse artificialismo sempre estoura. “Estourou, por exemplo, durante o governo Sarney. E quando isso acontece, o país começa ficar em dificuldade financeira, porque os preços voltam a subir com força, gera inflação, e o setor se recupera porque o etanol tem o preço reajustado, voltando a um patamar justo.”
A comparação de Salibe é geral e não tem nenhum embasamento científico, mas mostra que a manipulação política dos preços dos combustíveis, que já é tradição no Brasil, provoca uma bolha que sempre estoura, cedo ou tarde. Uma prática política que penaliza tanto produtores, como a população brasileira.
“Para superar esse problema, é preciso ter um mandato, como nos Estados Unidos. Tem que definir qual vai ser a regra do jogo. É preciso estabelecer qual será a porcentagem de etanol na matriz energética, a porcentagem de biomassa na matriz da energia elétrica, bem como dizer se os preços da gasolina vão seguir o preço internacional ou se serão controlados em determinada porcentagem. Tem que definir regra, senão não haverá estabilidade e o setor não vai crescer.”
Afinal, o empresário, que precisa de milhões para investir num canavial e numa usina, necessita de regras estáveis, e não viver ao dissabor do humor e dos interesses dos políticos.


Veja mais notícias na Revista CanaOnline, visualize no site ou baixe grátis o aplicativo para tablets e smartphones – www.canaonline.com.br.