ORPLANA apresenta proposta de reformulação do Consecana SP
08-12-2017

O valor do ATR Pro-Int (Produtor Integrado) será o preço Consecana +Remuneração variável: reconhecimento + eficiência + qualidade

Para acompanhar os novos cenários da agroindústria canavieira, a Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil (ORPLANA) – composta por 32 associações de cinco estados, representando cerca de 11 mil produtores de cana, que fornecem aproximadamente 66 milhões de toneladas de matéria-prima – implementou uma gestão profissionalizada e coloca em prática o eu Planejamento Estratégico – Visão 2015 - 2025.

A partir dos projetos que integram esse Planejamento, estabeleceu-se três grandes áreas de abrangência: Primeiro está o MUDA CANA, um programa inédito de capacitação contínua dos produtores, baseado na implantação do tripé “gestão do negócio, matriz de risco, produtividade e sustentabilidade”. O MUDA CANA contempla vária ações, complementado pela segunda Área de abrangência: O Projeto Segmentação, grande censo que traçará o perfil dos associados das filiadas da entidade. Apontando por exemplo, se o produtor arrenda as terras, se realiza parte das operações ou todo o processo e quais são suas necessidades. A partir dos resultados e melhor entendimento do produtor de cana, quanto a tamanho, produção e produtividade, forma de operação, eficiência em custos e outros itens, a entidade levantará soluções que serão disponibilizadas às associadas que as repassarão aos produtores.

As novas exigências do setor contemplam a necessidade de maior acesso à informação, para isso, a ORPLANA desenvolveu a terceira Área de Abrangência que reúne uma grade diversificada de seminários, visitas técnicas, dias de campo, cursos e criou o Fórum Internacional dos Produtores de AgroEnergia, que teve sua primeira edição realizada em 23 de agosto, durante a 25ª Fenasucro&Agrocana.

Reformulação do Consecana
Seguindo o princípio de alinhar a gestão sucroenergética com a nova realidade do setor, a ORPLANA defende uma remodelagem mais profunda do sistema ConsecanaSP (Conselho de Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo), cujo o cálculo de remuneração levaem consideração a quantidade de açúcares totais recuperáveis (ATR) por tonelada de cana – quantidade de sacarose obtida após o processamento da cana -, além das variações de preços de açúcar e etanol.

A cada cinco anos acontece a revisão do Consecana SP, é o que ocorre neste ano – a ORPLANA por parte dos produtores e a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) representando as indústrias – realizaram ao longo de 2017 uma série de reuniões para promoverem a revisão do sistema. Com a queda nos valores do açúcar e etanol, a defasagem apurada entre custo de produção de cana e valor da ATRpago ao produtoré de14,96%, a recomposição dessa diferença passou a ser uma das principais reinvindicações dos produtores.

Mas, a ORPLANA convida o setor a modernizar o Consecana SP. Para isso, apresentou na reunião do sistema, realizada em novembro, a “Proposta sustentável de criação e compartilhamento de valor: Consecana Pro-Int”. Elaborado pelos profissionais da ORPLANA:Celso Albano de Carvalho, Gestor Executivo, Elizabeth de Almeida Alves, Coordenadora de Comunicação, José Henrique Turner Marquez, Assessoria Jurídica e Roberto de Campos Sachs – Consultor Técnico; Nelson Antunes Júnior e Rubsmar Germino, da Ascana; Haroldo Torres e João Henrique Mantelatto Rosa, do PECEGE e Marcos Fava Neves – Fea-RP/USP.
Essa proposta mantém o modelo Consecana SP, exatamente como ele é, considerando a mesma equação componente do seu valor, forma de divulgação, estrutura e governança. Porém, adiciona a construção conjunta de valor, via eficiência, a qual será compartilhada entre usinas e produtores, criando o Consecana Pro-Int, válido para os produtores integrados ao sistema ORPLANA, Celso Albano salienta que essa proposta não interfere nos parâmetros para cálculos de valores de arrendamento/parceria, por entender que o proprietário da terra não sofreu impacto de custos advindos das alterações no sistema de produção, tal como a mecanização da cana.

O valor do ATR Pro-Int será o preço Consecana + Remuneração variável: reconhecimento + eficiência + qualidade. O cálculo desses Prêmios por Eficiênciacontempla fatores como:assertividade na estimativa de produção;Eficiências - Custo Cana Esteira (desonerar os custos da indústria). Já os Prêmios por Qualidade da Matéria Prima incluem: Impureza Mineral; Impureza Vegetal; e a eficiência industrial - Fator Qualidade.

A proposta, na visão da ORPLANA, oferece vantagens como: sustentabilidade do produtor de cana e valorização da cadeia produtiva; criação e compartilhamento de valor entre produtores e indústria; redução nos custos do processo industrial e maior rendimento industrial; garantia e regularidade de suprimento (redução de ociosidade do ativo industrial, diluição de custo fixo); estimulo à profissionalização do produtor de cana; redução do endividamento pelo ganho geral de produtividade.

Segundo Celso Albano esse modelo foi construído democraticamente por meio de amplo debate com o Conselho Deliberativo que representa as 32 associações ligadas à entidade. Inspirou-se em modelos existentes, vitoriosos e que buscam maior equilíbrio coletivamente, via um processo de criação e compartilhamento de valor.

A proposta está sendo analisada pela equipe de Estudos e pelos membros da Unica. A ORPLANA entende que a sua aprovação trará importantes mudanças na cadeia produtiva da cana-de-açúcar alinhadas com as demandas mundiais de responsabilidade social corporativa. Seus benefícios (ganhos de eficiência) no curto, médio e longo prazos podem ser mensurados e devem, em muito, superar os 4,84% máximos de incremento de custo de compra de cana, que hoje ocorrem caso 100% dos produtores atinjam 100% dos valores de bonificação.
Celso Albano observa que a proposta está alinhada com a missão, visão e valores do Consecana SP, da ORPLANA e da Unica. “Espera-se, com sua aprovação, que a cadeia produtiva da cana entre em uma nova era da construção conjunta de sustentabilidade econômica, ambiental e social, de forma harmoniosa e integrada.”