Outubro promete?
29-09-2014

O mercado futuro de açúcar em NY fechou a semana tendo o vencimento outubro/2014, que expira na próxima terça-feira, valorizado quase 200 pontos, mais precisamente 42 dólares por tonelada. Foi a maior variação semanal desde outubro de 2011 (em valores absolutos) e a maior em valores relativos desde outubro de 2010. Será que outubro vai ser o mês da virada para o setor sucroalcooleiro?

Os demais preços também apreciaram não com a mesma intensidade. Mas, mostraram valorizações entre 6 e 16 dólares por tonelada. O spread outubro/março que chegou a negociar a incríveis 264 pontos fechou a semana cotado a 115 pontos. Aliás, foi o fortalecimento do spread que influenciou a subida estrondosa do mercado.

Mas, afinal, o que moveu o mercado espetacularmente quase 200 pontos? Lembra-se daquele açúcar tailandês de baixa qualidade que ninguém queria? Pois é, parece que depois os compradores mudaram de ideia. Houve um significativo aumento pela demanda desse açúcar que teria como destino certo a entrega junto à bolsa, no vencimento que ocorre a semana que vem. Estimava-se que 750 mil a 1 milhão de toneladas poderiam ser entregues na bolsa. Comenta-se que mais de 400.000 toneladas foram negociadas e pode ser que a entrega, no final, acabe não sendo tão dramática assim. Ou seja, o açúcar de baixa qualidade parece ter encontrado seu lugar ao sol. Afinal, dinheiro não aceita desaforo e os descontos praticados estavam realmente muito atrativos. Teria, nesse ponto, se dissipado o medo que o mercado tinha que o março repetisse a trajetória do outubro?

Como ficam os fundos nesse ponto? Eles estavam vendidos a descoberto pouco mais de 100,000 contratos até terça-feira passada. Depois disso, o mercado ainda subiu mais 130-150 pontos. Quanto mais pode o mercado subir se eles resolverem recomprar suas posições vendidas?

Um ponto muito importante que deve acender a luz amarela para o mercado é o custo de produção não apenas do Brasil, mas dos países concorrentes. São custos, em sua maioria, muito acima dos preços praticados recentemente na bolsa de NY. Ou seja, quem aguenta produzir com prejuízo por muito tempo? O custo de produção de açúcar no Centro-Sul, pelo modelo da Archer Consulting, é de 15,85 centavos de dólar por libra-peso FOB Santos, sem custo financeiro. Austrália e Tailândia possuem custo de produção até um centavo por libra-peso acima do Brasil, enquanto India e UE estão acima dos 20-21 centavos de dólar por libra-peso. Ou seja, em commodities é raro ver um mercado que sustenta prejuízo por um período prolongado.

O etanol anidro continua sendo o melhor retorno financeiro para as usinas, apresentando um retorno de quase 3% sobre o custo de produção, sem considerar custo financeiro. O que salvou (?) o ano de um prejuízo ainda mais dolorido foi que as fixações das usinas na exportação apresentaram um valor em reais por tonelada equivalente acima do custo de produção. Uma fixação média de 17.58 centavos de dólar por libra-peso equivalentes a R$ 921.95 por tonelada não é de todo ruim.

As lições que ficam desse principio de pânico ocorrido quando o mercado mergulhava nas mínimas, mostram que o hedge, seja com futuros, seja com opções, seja com operações estruturadas que efetivamente mitiguem os riscos é essencial no dia-a-dia da empresa e não deve ser subestimado. No entanto, ouviu-se muita empresa reclamando de operações de balcão cuja fixação de preços dependia de determinados níveis de mercado e que acabou não se concretizando. Ou seja, colocar um percentual alto do volume de fixação nesse tipo de estrutura pode ser arrojado demais. Operação de balcão deve ser usada quando a empresa conhece os efeitos da estrutura escolhida no seu P/L em sua plenitude.

Retificando o número que publicamos aqui na semana passada (graças a um atento leitor londrino), de janeiro a agosto deste ano, o Brasil exportou 14.9 milhões de toneladas de açúcar, contra 17.4 milhões embarcadas no mesmo período do ano anterior, ou seja, uma queda de 2.5 milhões de toneladas e não 4.2 milhões como havíamos informado.

A presidente do Brasil e dublê de filósofa nas horas vagas, Dilma Rousseff, em sua firme trajetória de envergonhar os brasileiros de bem pelo mundo afora, discursou na ONU lamentando profundamente o ataque dos Estados Unidos e seus aliados árabes ao grupo de terroristas da Síria que mata, estupra e degola pessoas. Dilma acredita que a melhor forma de discutir essas questões é com o diálogo. Curiosa essa comiseração que Dilma nutre por terroristas. Não bastasse a diplomacia brasileira lamber as botas dos terroristas Fidel Castro e o finado Hugo Chavez, agora mais essa. Dilma deveria ela mesma tentar resolver essa questão pessoalmente com esse grupo sírio. Quem sabe dá certo.