Para as usinas, aumento do diesel neutraliza parte do ganho com reajuste da gasolina
07-11-2014

Na noite desta quinta-feira, 6 de novembro, a Petrobras anunciou reajuste de 3% para a gasolina e de 5% para o diesel.
Depois de aguardar com ansiedade um nível de reajuste para a gasolina que melhorasse a rentabilidade do etanol, o setor sucroenergético recebe as duas notícias como negativas. Na opinião de André Rocha, presidente do Fórum Nacional Sucroenergético, o aumento é aquém do esperado para a gasolina e não corrige as distorções da Petrobras. Além disso, ele lembra que a alta no diesel implica em um aumento muito grande no custo do setor.
Segundo o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, presidente do conselho deliberativo da Unica (União das Indústrias da Cana-de-açúcar), este reajuste de 3% da gasolina nas refinarias não deve melhorar a margem do etanol, mas o repasse da alta de 5% no valor do diesel ampliará os custos. Ele lembra que o diesel é o maior insumo agrícola de uma usina, pois é o combustível mais utilizado em tratores e caminhões na produção e transporte, tanto de cana como de produtos acabados. “Essa alta não beneficia em nada.”
De qualquer forma, a principal demanda do setor no curto prazo é o retorno da cobrança da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina. "O que tem de funcional para nós é a Cide e espero que ressurja com o tempo”, frisa Rodrigues. Essa também é a expectativa de economista Francisco Oscar Fernandes, da Sucrotec, depois da frustração com o reajuste da gasolina.
“Primeiro o Governo aumentou mais o nosso insumo, do que teoricamente vai fazer diferença na nossa receita com este reajuste. Outra coisa é que a medida veio abaixo do que se previa. Se esperava 5% para a gasolina e veio 3%.”
Apesar de frustrado, o setor ainda sai no lucro com o reajuste de combustíveis anunciados ontem, segundo os cálculos de Oscar. “O aumento de 5% do diesel, que está no custo final do açúcar, acaba implicando em elevação de 0,7% dos custos. Já, teoricamente, se o álcool subir 3% nas bombas será lucro. O problema é que ninguém garante isso.”
“Abriu-se também uma margem para que eventualmente a demanda por álcool suba nas bombas e as usinas tenham mais espaço para aumentar o preço do produto, pois neste caso vale a lei da oferta e demanda.”
Oscar ressalta que o setor não esperava um reajuste do diesel superior ao da gasolina. “Em todos os últimos reajustes da Petrobras, a elevação tem sido maior para o diesel do que para a gasolina.”