Parceria no Jaíba amplia cultivo de banana em área de canavial
15-05-2018

Do lado da plantação de cana-de-açúcar: banana, muita banana. Foi dessa vizinhança no Jaíba, no Norte de Minas, que brotaram novos empregos, como o de Alisson da Silva Oliveira, 24, que foi contratado há um ano para trabalhar na produção de banana da fazenda Buraco da Coruja.

Esse emprego é um dos frutos que a economia local já começou a colher depois que a família Ribeiro Ferreira, dona da fazenda, percebeu o potencial das faixas livres de terra que rodeavam o canavial do vizinho, no caso, o grupo Sada, que tem usina na região.

“Já tínhamos 75 hectares plantados, com produção de 27 toneladas de banana por ha. Há um ano, fizemos a proposta e arrendamos essa área livre ao nosso lado, que soma 12 hectares. A primeira colheita, agora em abril, rendeu 360 toneladas. Isso representa um incremento aproximado de 15%”, comemora o diretor financeiro da propriedade, Guilherme Ribeiro Ferreira.

O Jaíba é o maior produtor de banana do Estado, que é o terceiro maior produtor do Brasil. De lá, saíram 115 mil toneladas no ano passado. Tudo, graças à irrigação, pois a cidade está no Norte, onde chove muito pouco. A cana é plantada em círculos irrigados a partir de pivôs centrais. Entre um círculo e outro, onde a água não alcança, as áreas ficam sem plantio e são chamadas de “calcinhas”.

“Sempre quisemos expandir, mas nem tem mais terra disponível por perto. A gente ficava olhando essas faixas sem cultivo e vimos que plantar nessas ‘calcinhas’ poderia ser a solução. O investimento é muito menor, e todos saem ganhando”, afirma Ferreira.

Para preparar o solo, montar a irrigação e deixar tudo pronto para plantar, a família investiu R$ 424 mil. O retorno é esperado já com a primeira colheita, no máximo com o segundo cacho, com previsão de 480 toneladas para dezembro deste ano. Guilherme explica que, se comprasse mais terras, gastaria, em média, R$ 20 mil por hectare. “Com a parceria que fizemos com a Sada, pagamos um arrendamento por ano, além das taxas de manutenção”, diz.

Gabriella Brant, gerente de projetos da Sada, destaca os ganhos para o canavial, que fica protegido, e para a empresa. “O valor em si não é o mais significativo. O mais importante é ocupar e aproveitar ao máximo as áreas produtivas. E a importância é para toda a região, porque vai gerar mais empregos e fazer a economia fluir mais”, ressalta.

O produtor não comemora sozinho. “Eu estava desempregado há seis meses”, conta Alisson, um dos oito novos funcionários que a Buraco da Coruja precisou contratar para se juntarem aos 30 que já trabalhavam lá. Todos vão receber uma participação do crescimento da produção. “Os funcionários ficam mais estimulados com os ganhos. A gente faz planos. Eu mesma estou sonhando em construir a minha casa”, afirma a gerente agropecuária da fazenda, Adna Santana.

Benefício para o solo

Para o analista de agronegócios da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg) Caio Coimbra, o aproveitamento das áreas não plantadas entre os pivôs traz uma relação de ganha-ganha. “Com a renda extra, o produtor da cana pode se capitalizar. Ele também ganha em melhoria do solo, porque o produtor da banana vai adubar, e isso aumenta a fertilidade. Outro benefício é que vai evitar a erosão”, ressalta Coimbra.

Na outra ponta, o produtor de banana vai expandir a produção, sem precisar fazer altos investimentos. “O custo do arrendamento é bem menor do que o da compra, sem falar que, ao arrendar, o produtor não imobiliza o capital. Isso faz com que sobrem mais recursos para que ele invista, aumente a produção e se consolide no mercado”, avalia o analista de agronegócios.