Pernambuco perde participação no setor sucroenergético
08-04-2014

No início do século passado, Pernambuco chegou a ser o maior produtor de açúcar do País. Mas, ao longo do tempo, o estado vem perdendo participação no setor. Oito usinas encerraram as atividades nos últimos dez anos. Atualmente, a produção local representa apenas 3% do que é produzido em todo o Brasil.

Desde a época em que o Brasil era colonizado por Portugal, o açúcar assumiu um papel de destaque na economia por ser um dos principais produtos de exportação. Por muito tempo, Pernambuco ocupou a liderança na produção.

Nas três primeiras décadas do século 20, o estado ainda era o maior produtor de cana-de-açúcar do País. Ao longo dos anos, essa participação foi diminuindo.
Atualmente, apenas 17 usinas continuam em atividade. Se nos anos de 1980 as usinas locais chegaram a moer 25 milhões de toneladas de cana, na safra 2013-2014 deverá moer 14 milhões, uma queda de 44%.

O presidente da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco, Alexandre Andrade Lima, acredita que o encolhimento da indústria do açúcar no estado só vai cessar se o governo federal mudar a política adotada para a produção do etanol. “A dificuldade não é só aqui em Pernambuco, mas em todo o Brasil. No País, há 400 unidades funcionando, das quais 44 em recuperação judicial, e 55 fecharam nos últimos anos”, disse.

A Usina Unaçúcar, no município de Tamandaré, no Litoral Sul, foi mais uma a anunciar o fechamento recentemente. A medida vai deixar mais 2 mil trabalhadores da cana sem emprego.

O diretor da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape), Paulo Roberto Rodrigues, diz que o fechamento das usinas tem um impacto enorme entre os agricultores desse segmento da economia. “Tem muita gente desempregada. Alguns ficam trabalhando avulso, por períodos curtos, o que traz certa insegurança. É preciso apostar mais na qualificação para outros setores, como agricultura familiar”, comentou.

O economista Alexandre Rands lembra que as usinas de Pernambuco não conseguiram acompanhar o desenvolvimento das usinas do Sudeste e Centro-Oeste do País. “A descoberta de áreas em São Paulo com clima e relevos favoráveis para a produção de cana foi o primeiro determinante. Depois, lá tem um maior desenvolvimento em tecnologia, mais área de produção, estado com investimento em infraestrutura, coisas que não temos aqui”, explicou.