Perto da safra, mercado espera etanol mais barato nos postos após queda de 9% nas usinas
23-03-2020

Plantação de cana-de-açúcar e usina de etanol em Sertãozinho, SP — Foto: Fábio Junior/EPTV
Plantação de cana-de-açúcar e usina de etanol em Sertãozinho, SP — Foto: Fábio Junior/EPTV

Segundo consultor em agronegócio e representante de distribuidoras, baixa internacional do barril do petróleo e novo coronavírus devem repercutir ainda mais nos preços.

Por EPTV1

Às vésperas do início da safra 2020/2021, especialistas projetam uma baixa no preço do etanol que será cobrado ao consumidor final, principalmente depois de uma queda de 9% nos valores cobrados pelas usinas.

Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP) registram que o combustível derivado da cana-de-açúcar deixou as indústrias do estado de São Paulo ao custo de R$ 1,94 até 13 de março, diante de R$ 2,10 cobrados no início do mês.

Esse é o menor valor do ano. A última vez que o etanol estava abaixo dos R$ 2 foi em novembro de 2019.

Segundo o consultor em agronegócios José Carlos de Lima Júnior, a redução nas usinas reflete a liberação da produção remanescente da safra 2019/2020.

"Ainda não começou efetivamente a produção em todo o estado de São Paulo, que é um dos maiores centros produtores, portanto, o que nós estamos assistindo nada mais é que a liberação de alguns estoques para poder armazenar o novo etanol que vai ser produzido", explica.

A baixa deve ser ainda maior não só com o início da safra, que deve aumentar a oferta do combustível, mas também com a queda do barril do petróleo no mercado internacional, que repercutiu na baixa da gasolina no Brasil. No entanto, ele acredita que os valores não retroagirão aos mesmos patamares de três anos atrás.

"Até porque tivemos uma inflação ao longo desse período e portanto o preço deve ser atualizado", diz.

Além do início da safra e da concorrência com a gasolina, o presidente da Associação das Distribuidoras de Combustíveis, Valdemar de Bortoli Júnior, acredita que a pandemia do novo coronavírus impacte sobre os preços do etanol e do derivado do petróleo.

"Outro fator é a própria crise do coronavírus. Os consumidores estão reduzindo o uso de veículos. Também é um fator forte", avalia.

Os consumidores, no entanto, ainda não sentem tanto a diferença no bolso. Nos postos de Ribeirão Preto (SP), centro de uma das maiores regiões produtoras de etanol do país, o litro do etanol cobrado em março nos postos tem sido, em média, de R$ 2,94, atingindo o preço máximo de R$ 3,27. Em janeiro, foi de R$ 3, chegando ao máximo de R$ 3,39, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

"É pouco, né? Todo mundo fala que mora dentro das usinas e acho que o preço deveria ser um pouco melhor. Aqui é o último lugar que abaixa", afirma o aposentado Amauri Bertoz.

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