Pesquisadora da Embrapa Soja é a única da América do Sul entre os 100 principais cientistas do mundo
26-04-2022

Mariangela Hungria no Laboratório de Biotecnologia do Solo na Embrapa Soja. Foto: Divulgação
Mariangela Hungria no Laboratório de Biotecnologia do Solo na Embrapa Soja. Foto: Divulgação

Mariangela Hungria se destacou em ranking com 2.575 perfis de cientistas de todo o mundo da área de Fitotecnia e Agronomia

POR CANAL RURAL

pesquisadora da Embrapa Soja Mariangela Hungria está na primeira posição brasileira e é a única da América do Sul no recém lançado ranking dos 100 principais cientistas em Fitotecnia e Agronomia (Plant Science and Agronomy), publicado pelo Research.com, um site que oferece dados sobre contribuições científicas em nível mundial.

A pesquisadora comemora a participação nesse ranking, mas considera o momento propício para reflexão. “Embora a liderança brasileira em agricultura seja exaltada, o número de pesquisadores brasileiros no ranking da pesquisa em Agronomia é muito pequeno em relação a outros países, por exemplo. Nos Estados Unidos são 554, na Austrália, 183, no Reino Unido, 141. A agricultura do futuro precisa de ciência, de pesquisa. Claramente o ranking indica baixo investimento em pesquisa na agricultura, que precisa ser revertido se não quisermos ser apenas importadores de tecnologias de ponta na agropecuária”, destaca.

O ranking considera as contribuições científicas – valores de índice h (quantifica a produtividade e o impacto de artigos científicos mais citados), publicações e citações – coletadas em 6 de dezembro de 2021. Foram analisados perfis de 166.880 cientistas do mundo em 21 nas áreas das ciências, disponíveis no Google Scholar e no Microsoft Academic Graph. Na área de Fitotecnia e Agronomia, foram examinados mais de 2.575 perfis. Neste ranking, constam 36 brasileiros, nove da Embrapa, sendo dois renomados cientistas já falecidos, Nand Kumar Fageria (Embrapa Arroz e Feijão) e Johanna Döbereiner (Embrapa Agrobiologia).

Merece destaque ainda o grupo formado por coordenadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Microrganismos na Agricultura (INCT), que conta com cinco pesquisadores entre os 13 primeiros colocados no ranking brasileiro e quatro deles são da Embrapa Agrobiologia (Segundo Urquiaga, Robert Michael Boddey, Verônica Massena Reis e Bruno Alves), além de Johanna Döbereiner.

Atividades de pesquisa

Mariangela conduz pesquisas voltadas para o desenvolvimento de inoculantes à base de bactérias que substituem os fertilizantes nitrogenados e possibilitam uma agricultura mais sustentável. Ela é uma das responsáveis pelo desenvolvimento das tecnologias de inoculação e co-inoculação da soja, o que tem promovido grandes saltos de produtividade no campo: a fixação biológica do nitrogênio (FBN) traz uma economia anual de 14 bilhões de dólares ao Brasil, ao dispensar o uso de adubo nitrogenado.

Além dos trabalhos com soja, a pesquisadora da Embrapa Soja também coordenou pesquisas que culminaram com o lançamento de outras tecnologias: autorização/recomendação de bactérias (rizóbios) para a cultura do feijoeiro, Azospirillum para as culturas do milho e do trigo e de pastagens com braquiárias e coinoculação de rizóbios e Azospirillum para as culturas da soja e do feijoeiro e melhoria das pastagens.

Currículo

Mariangela possui graduação em Engenharia Agronômica (USP-ESALQ), mestrado em Solos e Nutrição de Plantas (USP–ESALQ), doutorado em Ciência do Solo (UFRRJ) e pós-doutorado em três universidades: Cornell University, University of California-Davis e Universidade de Sevilla. A pesquisadora é comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro titular da Academia Brasileira de Ciências. É pesquisadora da Embrapa desde 1982 e está lotada na Embrapa Soja desde 1991. É professora e orientadora da pós-graduação em Microbiologia e em Biotecnologia na Universidade Estadual de Londrina e no curso de Bioinformática na Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Reconhecimentos anteriores

Em novembro de 2020, Mariangela Hungria foi classificada entre os 100 mil cientistas mais influentes no mundo, de acordo com estudo da Universidade de Stanford (EUA). O estudo, intitulado “Updated science-wide author databases of standardized citation indicators”, foi realizado a partir de um banco de dados mundial com sete milhões de cientistas e publicado no prestigioso periódico PLOS Biology. No estudo foram usadas as citações da base de dados Scopus, que atualiza a posição dos cientistas em dois rankings: 1) o impacto do pesquisador ao longo da carreira e; 2) o impacto do pesquisador.

Além disso, na safra 2020/21, a pesquisadora foi eleita a Personagem Soja Brasil, concurso cultural organizado pelo Projeto Soja Brasil e pela Aprosoja-Brasil que visa reconhecer pessoas com trajetória e contribuições valiosas para a cadeia do grão.