Pesquisadores avançam tecnologia para controlar carrapato transmissor da doença e proteger população brasileira
21-10-2020

Aplicação de fungo em pó acrescido de produtos adjuvantes é realizado por drone e elimina o ‘Amblyomma sculptum’ sem afetar flora, fauna e pessoas

Jundiaí (SP) – Um grupo de pesquisadores do Instituto Biológico de São Paulo (IBSP), e do Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico de Jundiaí (CEA-IAC), ambos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP, está próximo de anunciar uma nova tecnologia para barrar o avanço da febre maculosa. A doença, tida como a mais mortal das Américas – cerca de 50% das pessoas que a contraem, morrem – desafia a ciência há décadas.

O estudo é conduzido pelos pesquisadores Fernanda Calvo Duarte, Leonardo Costa Fiorini e Márcia Cristina Mendes, do Instituto Biológico da capital, José Eduardo Marcondes de Almeida, do IB-Campinas e Hamilton Ramos, do CEA de Jundiaí. Integram o trabalho, ainda, profissionais da empresa de tecnologia VOA, especializada no desenvolvimento e na prestação de serviços com drones agrícolas.

Conforme Ramos, também coordenador dos programas de Tecnologia de Aplicação e Adjuvantes da Pulverização, iniciativas da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP com o setor privado, o alvo do estudo é o carrapato Amblyomma sculptum, vetor da Rickettsia rickettsii, patógeno causador da febre maculosa. A doença é endêmica em áreas do Estado de SP e outras da região Sudeste. O hospedeiro do transmissor da doença é a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), maior roedor do mundo, cuja população se mostra crescente nas áreas urbana e rural do Brasil.

Segundo os pesquisadores, o controle eficaz e sustentável do carrapato é a única maneira de barrar a febre maculosa, ou ainda de reduzir casos da doença. A tecnologia em estudo foca na aplicação do fungo Metharizium anisopliae nas áreas públicas e privadas em que a população de capivaras é elevada. Como este fungo, avaliado nos laboratórios do IBSP, tem na estrutura predominante a forma de pó, sendo pouco solúvel em água, a pesquisa analisa resultados da associação entre o pó e os adjuvantes agrícolas, tendo em vista viabilizar tecnicamente a pulverização de áreas-alvo do tratamento.

“Adjuvantes são produtos químicos empregados nas aplicações de defensivos agrícolas. Cada insumo do gênero apresenta características específicas, como adesionante, espalhante e outras”, continua Ramos. “A associação entre o pó e adjuvante, segundo avaliamos, facilita a aplicação do fungo e o controle eficaz do carrapato transmissor da febre maculosa”, reforça Ramos.

“O modelo de controle em desenvolvimento, além de eficiente, é altamente sustentável. A aplicação do fungo, segundo observamos, mata o carrapato sem afetar a flora, a fauna e as pessoas presentes no entorno”, continua Ramos.

Em relação ao emprego de drones, os pesquisadores explicam que o equipamento potencializa a precisão da aplicação e facilita o manejo nas áreas-alvo de tratamento com menor dimensão, como praças e parques públicos. Ainda de acordo com o grupo de pesquisadores reunido no estudo, uma vez concluída a viabilidade desse conceito de combate ao carrapato, outras técnicas de pulverização do fungo atrelada a adjuvantes agrícolas passarão a ser estudadas.

“Estamos muito próximos de converter o conjunto de ensaios numa nova tecnologia de ponta, capaz de auxiliar na diminuição da incidência dessa doença altamente fatal no Brasil”, finaliza Hamilton Ramos. 

Programa Adjuvantes da Pulverização

Assessoria de Imprensa

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