Pesquisadores da UFG identificam fungo que pode reduzir o uso de agrotóxicos em plantações de arroz, tomate e cana-de-açúcar
20-08-2020

Coleta de três raízes de orquídea do cerrado para obtenção do fungo e o fundo, Waitea Circinata crescido em laboratório, em Goiânia, Goiás — Foto: Universidade Federal de Goiás (UFG)/Divulgação
Coleta de três raízes de orquídea do cerrado para obtenção do fungo e o fundo, Waitea Circinata crescido em laboratório, em Goiânia, Goiás — Foto: Universidade Federal de Goiás (UFG)/Divulgação

Segundo a coordenadora da pesquisa, controle de doenças pode chegar a 95%. Fungo também tem efeito biofertilizante, ou seja, intensifica o crescimento das plantas.

Por Vanessa Chaves, G1 GO

Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) descobriram que um fungo obtido das raízes de uma orquídea do Cerrado pode controlar doenças de plantações de arroz, tomate, soja e cana-de-açúcar. De acordo com a instituição, a aplicação do fungo nas plantas pode reduzir o uso de agrotóxicos.

“Quando surgem doenças que atacam as plantas no campo, é usado muito agrotóxico, o que é bastante maléfico para o meio ambiente e para a saúde humana ao consumir os alimentos. Na nossa pesquisa desenvolvida com o fungo, concluímos que essas doenças podem ser controladas”, disse a coordenadora da pesquisa, professora Leila Garcês de Araújo.

Segundo ela, foram realizados testes em laboratório e nas plantas cultivadas em vasos. A pesquisa teve início em 2010 e é realizada pelo Laboratório de Genética de Microrganismos (LGM) do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFG, com professores das áreas de agronomia, química e biologia.

O fungo chamado Waitea Circinata pode controlar doenças nas plantas de arroz como a brusone e a queima de bainha, de acordo com a coordenadora da pesquisa. Já no tomate, a doença de nematoide das galhas. Nos pés de cana-de-açúcar, pode evitar a podridão vermelha e o mofo branco.

“É um excelente avanço, quando aplicamos o fungo na planta do arroz. O controle das doenças foi de até 95%, na planta do tomate foi de 85%, já na soja e cana ainda estamos em estudos. Há plantações de arroz no Tocantins e no sul do país em que são feitas 18 pulverizações de agrotóxicos. Isso é muita coisa. Com o uso de três aplicações do fungo, é possível reduzir para duas pulverizações de agrotóxico”, avalia Leila.

A pesquisadora completa que os estudos continuam e que o fungo também tem um efeito de adubo. “Pretendemos futuramente testar o fungo em mais alimentos, por exemplo, o milho. O fungo, além de controlar as doenças, também teve um efeito de biofertilizante, ou seja, aumentou o crescimento”, afirma.

Investimento

De acordo com a professora, em junho de 2020, o laboratório assinou um acordo de parceria para pesquisa no campo com uma empresa que atua no desenvolvimento de produtos biológicos no setor agrícola.

O acordo prevê um financiamento de R$ 486 mil para custeio, equipamentos e bolsas de estudos. “Juntamente com essa empresa nacional de controle biológico, vamos desenvolver um bioproduto e acreditamos que, em 5 anos, o produtor poderá usar para controle das doenças citadas e também, com efeito indireto, no crescimento dessas culturas”, explicou Leila.