Pesquisadores da UFPB criam combustível verde a partir da palha da cana-de-açúcar
03-08-2020

Inovação promove aproveitamento de resíduos agroindustriais, redução de impacto ambiental e menor custo de produção. Crédito: Revista Carro/Reprodução
Inovação promove aproveitamento de resíduos agroindustriais, redução de impacto ambiental e menor custo de produção. Crédito: Revista Carro/Reprodução

Produto foi gerado através de enzimas produzidas por fungos do solo de usina na Paraíba

Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolveram a patente "Hidrólise enzimática da palha de cana-de-açúcar usando enzimas produzidas por fungo" para transformar resíduos da cana-de-açúcar em produtos como o etanol de segunda geração, que pode ser utilizado como combustível verde. 

A iniciativa foi desenvolvida no Laboratório de Bioengenharia, do Centro de Tecnologia da UFPB. Os pesquisadores responsáveis pela patente são Felipe Santos, Sharline Melo, Amanda Carvalho, Laís Campos e Débora Jamila. Todos fazem parte do Departamento de Engenharia Química e realizaram parceria com o Centro de Biotecnologia, em João Pessoa. 

De acordo com a orientadora do projeto, professora Sharline Melo, a ideia surgiu pela necessidade de desenvolver a produção de etanol sem aumentar a área de cana-de-açúcar plantada. 

“O objetivo foi fazer a hidrólise da palha para produzir etanol de segunda geração. Os fungos utilizados foram isolados de uma usina da região. Vários bioprocessos têm sido desenvolvidos utilizando esses materiais e especial atenção vem sendo dada ao reaproveitamento de resíduos gerados nos diversos processos industriais”, conta Sharline. 

O pesquisador Felipe Santos afirma que o aproveitamento de resíduos ocorre em diferentes setores da agroindústria e, com a palha de cana-de-açúcar, foi possível realizar a produção de etanol celulósico ou álcool de segunda geração. 

“Produziu-se etanol sem aumento da área de plantação da cana-de-açúcar. Foi possível hidrolisar a palha da cana utilizando um coquetel de enzimas produzidas por fungos isolados do solo de uma usina sucroalcooleira da Paraíba. A hidrólise nada mais é que a quebra da celulose em unidades de açúcares menores, que podem ser fermentados a etanol usando microrganismos específicos e já conhecidos”, explica. 

Segundo o pesquisador da UFPB, a patente possui aplicabilidade em refinarias bioenergéticas e em setores que utilizam processos de conversão de biomassas, ou derivados da natureza, para a produção de combustíveis, eletricidade e calor. 

“O invento possibilita o aproveitamento de resíduos agroindustriais, a redução do impacto ambiental e menor custo na produção das enzimas para utilização nas indústrias. São benefícios e características que fazem do etanol celulósico uma fonte de energia promissora e renovável no setor de combustíveis”, destaca Santos. 

Dentre as etapas necessárias para a produção de combustível, o pesquisador da UFPB ressalta a etapa de pré-tratamento da biomassa – no caso a palha da cana-de-açúcar – como fundamental no aperfeiçoamento da ação. 

Por meio dela, argumenta Felipe, realiza-se a desestruturação da parede celular, que precisa ser satisfatória para a celulose ficar totalmente disponível na etapa de hidrólise. Interessados no desenvolvimento, aperfeiçoamento e na produção da patente podem entrar em contato com Agência de Inovação da UFPB pelo e-mail inova@reitoria.ufpb.br

Reportagem: Jonas Lucas Vieira | Edição: Pedro Paz
Ascom/UFPB