Pesquisadores japoneses criam biocombustível a partir de rejeitos e bagaços de laranja
21-11-2014

Diferentemente do milho e da cana-de-açúcar, novo combustível não corrói partes de metal do motor

Cientistas japoneses da Universidade de Mie desenvolveram um biocombustível a partir de laranjas descartadas para o consumo e do bagaço residual da fruta usada para fazer suco, informou nesta terça-feira o jornal japonês “Asahi Shimbun”. De acordo com os cientistas, ao misturar os resíduos da fruta com bioetanol existente, é possível produzir um combustível mais eficiente e menos corrosivo.

Durante os testes, informou o jornal japonês, citando os pesquisadores, um veículo de 14 quilos, movido por controle remoto, andou com sucesso com o novo combustível, durante um experimento realizado em setembro.

“Este biocombustível tem o potencial para ser usado em tratores de fazenda e cortadores de grama movidos a gasolina”, disse Yutaka Tamaru, professor de Bioengenharia da Faculdade de Recursos Naturais da universidade e lídere do grupo de pesquisa.

Com a inovação, os cientistas querem utilizar rejeitos de laranja, cultivadas em fazendas locais, para produzir um biocombustível para veículos usados no campo. Para isso, a equipe de pesquisadores vem realizando desdo ano passado experiências para testar o uso potencial de laranjas estragadas ou apodrecidas, assim como dejetos, para reciclar o uso da fruta, produto principal de MIhama, uma cidade ao sul da província de Mie.

A equipe misturou em tanques laranjas não aptas ao consumo (passadas ou estragadas), assim como os bagaços que sobram da produção de suco, com uma bactéria (clostridium cellulovorans) obtida a partir de talas de madeira. A bactéria decompõe as fibras de celulose e produz um açúcar que, ao fermentar junto a outro micro-organismo acrescentado, produz o biocombustível de laranja, num processo que dura cerca de dez dias. Os pesquisadores conseguiram extrair 20 mililitros de biocombustível de três quilos de laranjas descartadas e bagaços da fruta.

CORROSÃO DE METAL

Segundo Tamaru, os principais biocombustíveis são produzidos a partir de culturas como milho e cana-de-açúcar nos Estados Unidos e no Brasil. Mas um dos problemas desse tipo de bioetanol é que ele tende a corroer peças de metal do veículo, uma vez que tende a se misturar com a umidade do ar durante o processo de distribuição no motor. Por causa disso, a mistura de bioetanol na gasolina tem que ser limitado a 3% do total.

Outro problema associado ao milho e à cana-de-açúcar na produção de bioetanol é que pode reduzir o volume dessas culturas disponíveis como fonte de alimento. Já no caso das laranjas, apenas aquelas que são rejeitadas para o consumo humano serão usadas para produzir biocombustível.

Além disso, o biocombustível de laranja não é tão corrosivo como o bioetanol, uma vez que 70% de seus componentes são biobutanol, que não se mistura tão facilmente com a umidade. Além disso, ele produz mais calor do que o bioetanol, chegando a um nível próximo a da gasolina, tornando possível elevar o percentual do biocombustível de laranja na gasolina.