Por que a integração entre os biocombustíveis é importante? Especialistas respondem
05-06-2020

Nesta quinta-feira (04/06), véspera do Dia Mundial do Meio Ambiente, representantes dos setores de biodiesel, etanol, biogás, bioquerosene e HVO se reúnem em um evento virtual que vai discutir a integração entre os diferentes biocombustíveis como uma estratégia para superar a crise causada pela pandemia do coronavírus e ajudar na recuperação econômica brasileira, com sustentabilidade ambiental.

Na ocasião, haverá o lançamento da Biocoalizão — uma coalizão de esforços em defesa dos biocombustíveis.

O evento será transmitido ao vivo no YouTube da Ubrabio a partir das 9 horas. A programação completa você encontra aqui. A proposta surgiu em uma reunião entre o setor de biodiesel e o setor de etanol realizada na semana passada. Confira o que alguns dos convidados disseram sobre o assunto:

Deputado Federal Jerônimo Goergen (PP/RS), presidente da Frente Parlamentar do Biodiesel
Nós temos pautas em comum que precisamos trabalhar. Um dos grandes desafios é que na agricultura nós não temos uma leitura de energia. Precisamos então trazer essa agenda para agricultura, evidenciando os interesses reflexos como a soja e o farelo. Os biocombustíveis não são uma pauta só de energia, é produção do agro como um todo. Outro ponto fundamental é previsibilidade. No biodiesel nós temos a previsão do B15 até 2023, mas no etanol, uma hora tá bem, outra hora tá mal, não tem como o empresário se organizar. Nós precisamos de previsibilidade.

Deputado Federal Arnaldo Jardim (Cidadania/SP), presidente da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético
O Brasil pode ser líder mundial dos biocombustíveis. Nós precisamos de uma estratégia capaz de destacar as externalidades dos biocombustíveis. Todos os países que começaram a planejar sua reconstrução econômica pós-pandemia continuam a dar destaque para a sustentabilidade ambiental. O Brasil vai precisar dessa estratégia. Outra externalidade importante está na geração de empregos. Do ponto de vista do futuro, das coisas que vão nos desafiar, o setor de biocombustíveis será fundamental para a retomada do crescimento. Nós precisamos criar as condições para que o setor possa ter protagonismo.

Juan Diego Ferrés, presidente da Ubrabio
Neste contexto de crise, para se preservar de uma crise ainda maior que está por vir, os biocombustíveis caminharão melhor juntos do que separados. Nós estamos propondo uma visão compartilhada entre os diferentes biocombustíveis, como forma de resistir aos desafios atuais juntos, e continuar a trajetória em direção à sustentabilidade do Planeta. Para isso, precisamos de uma visão de longo prazo e explorar as nossas sinergias.

Evandro Gussi, presidente da Única
Um mercado bem entendido captura externalidades e direciona para uma ordem saudável do convívio, como diz a economia política. Entre as sinergias que precisam ser exploradas, eu destaco a sinergia daquilo que a gente gera para a vida das pessoas. O mundo agora viu o que é ter o céu azul, e acho que não vai querer viver de novo sob o totalitarismo da poluição.

Márcio Félix, CEO da EnP Energy Platform
RenovaBio foi o resultado da união desses setores, que procuraram integrar as demandas. Foram as aproximações sucessivas de diversas associações que permitiram a integração que deu origem à atual Política Nacional de Biocombustíveis. Às vezes é difícil a pauta ambiental prevalecer, mas quando ela é associada à economia, à retomada do emprego, do setor agroenergético que junta duas potências econômicas do país, como o setor de biocombustíveis do Brasil faz, o potencial é imenso. O caminho é juntar forças e buscar equilíbrio. Os biocombustíveis como um todo, respeitando suas especificidades e características regionais, construindo uma agenda comum.

Plínio Nastari, representante da sociedade civil no CNPE
É muito importante essa integração e essa definição de uma estratégia comum, porque biocombustíveis só vão para frente se tivermos políticas estáveis de longo prazo. Nesse sentido, destaco dois grandes desafios: a questão tributária e a engenharia automotiva. Não existem combustíveis líquidos sem engenharia automotiva. E se não tivermos uma indústria automotiva aqui, produzindo carros para usar combustíveis produzidos aqui, nós vamos passar a importar carros com tecnologias para outros contextos de combustíveis.

Deputado Federal Enrico Misasi (PV/SP), coordenador-geral da Frente Parlamentar do Biodiesel
Este é o grande tema para o Brasil, que tem tudo para ser um grande ator, desde que faça as escolhas estratégicas corretas. Essa sinergia no setor de biocombustíveis não é uma opção. Ela é absolutamente central para o nosso projeto de nação para os próximos anos. O Brasil não vai ter uma projeção internacional relevante que não passe pelos biocombustíveis, e o que nós vamos desenvolver em termos de tecnologia, saúde e produção sustentável.

Alberto Borges de Souza, Presidente do Conselho de Administração e Diretor-Presidente da Caramuru Alimentos
Nós estamos alinhados juntos nessa jornada. É muito bem pensado esse momento. Temos desafios enormes nos biocombustíveis, seja no biodiesel ou no etanol, e temos que criar uma articulação em conjunto. Nós temos também que trazer o Ministério do Meio Ambiente para o nosso lado, porque nós temos as externalidades mais positivas do planeta.

Aurélio Amaral, ex-diretor da ANP
É fundamental a gente ter uma política de longo prazo e uma política tributária que traga equilíbrio e que a sociedade entenda. Essa integração é importante para somar naquilo que nos une para que se possa avançar nessa pauta. Do ponto de vista ambiental, não podemos perder a oportunidade de defender o que temos de melhor. Num momento em que o mundo inteiro discute a questão ambiental, precisamos marcar esse terreno.

Ubrabio