Preço baixo faz venda de etanol bater recorde em Minas Gerais
19-11-2019

Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas
Foto: Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas

 

De todo o combustível vendido em Minas Gerais em setembro – dado mais recente da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) –, o etanol representou 42%. Essa participação é a maior já registrada no Estado, que, nos últimos cinco anos, viu o consumo do álcool crescer 338%, enquanto o da gasolina caiu 38,4%.

De acordo com a ANP, de 2014 para 2019, considerando-se o mês de setembro, o uso da gasolina recuou de 423 milhões de litros para 260 milhões de litros. Ao mesmo tempo, o de etanol subiu de 62 milhões de litros para 271,9 milhões de litros.

“Tem a ver com a vantagem do preço e com a mudança de hábito dos consumidores de Minas”, explica o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos.

Ele lembra que, há cinco anos, o etanol era pouco consumido. Na época, respondia por 9,3% das vendas do chamado “ciclo Otto”, que mensura o abastecimento dos carros leves movidos com os dois combustíveis. “De lá para cá, o ambiente mudou bastante. Houve redução da alíquota do ICMS, o preço foi ficando mais competitivo em relação à gasolina, e, com a vantagem, os mineiros foram se habituando a usar o etanol”, diz.

O presidente da Siamig recorda que, em 2010, o imposto em Minas era de 25%. Em 2011, a alíquota era de 22% e, em 2013, caiu para 19%. “Em 2014, foi reduzida para 14%, e isso teve um forte impacto no preço e influenciou o consumo. Em 2017, o ICMS voltou a subir e hoje está em 16%, mas o hábito está consolidado”, justifica.

Para a jornalista Luciana Rocha, essa opção tem sido a mais viável há um bom tempo. “Já tem mais de um ano que eu só coloco etanol. E é por causa do preço mesmo. Eu costumo colocar R$ 50 por semana e, no fim no mês, eu calculo uma economia de um tanque e meio, em relação à gasolina”, compara ela.

Normalmente, a gasolina ainda supera o etanol. Mas, em setembro, o álcool ultrapassou o combustível líder, com 11 milhões a mais de litros vendidos no Estado. Essa foi a segunda vez que isso aconteceu na série histórica da ANP. A primeira havia sido em outubro de 2018.

De acordo com Campos, o avanço das vendas de etanol está fortemente ligado à competitividade. “Há 18 meses consecutivos, o preço está mais vantajoso em relação à gasolina, ou seja, abaixo de 70%”, explica. Segundo a ANP, o preço médio do etanol em Minas é de R$ 2,99, 64% do valor de R$ 4,67 do litro da gasolina.

O Estado caminha para bater um recorde histórico. “No ano passado, foram vendidos quase 2,49 bilhões de litros de etanol em Minas. Neste ano, só até setembro, já foram 2,3 bilhões, e, pelas estimativas do setor, devemos alcançar 3,4 bilhões em 2019”, calcula Campos.

Tudo isso já vem se refletindo na indústria, que tem adaptado o parque sucroenergético, reduzindo a produção de açúcar para aumentar a de etanol. Em relação a 2014, a participação do álcool no mix subiu de 57,6% para 64%.

Para este ano, a safra de cana-de-açúcar também será recorde no Estado, chegando a 66,5 milhões de toneladas. “Para o ano que vem, temos potencial para passar de 70 milhões de toneladas, pois só duas novas indústrias que serão inauguradas até 2020 terão capacidade para processar cerca de 5 milhões de toneladas de cana-de-açúcar”, afirma Campos. Os empreendimentos ficam em Canápolis e Capinópolis, no Triângulo Mineiro.

 Por QUEILA ARIADNE

Fonte: Jornal O Tempo