Produção de mudas gera benefício só no campo, diz secretária
07-04-2014

A biofábrica de cana do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), inaugurada na última semana em Ribeirão Preto, deve favorecer mais o produtor do que o consumidor de etanol ou açúcar, segundo Mônika Bergamaschi, secretária de Estado da Agricultura.

Isso porque, de acordo com ela, o preço final do etanol ao consumidor é influenciado pelo mercado. A produção na lavoura não tem grande impacto, segundo Mônika, que criticou a atuação do governo federal no setor.

"A definição do preço é muito mais complexa que isso [aumento da produtividade da cana]. Ele [o preço] é influenciado por uma política do governo federal que não é clara", disse Mônika.

A biofábrica de Ribeirão -a 11ª do tipo no país e a primeira da iniciativa pública- irá disponibilizar aos produtores da região mudas de cana com qualidades fitossanitárias e genéticas que devem propiciar o aumento de produtividade das plantações.

Hoje, as plantações têm uma produtividade entre 85 e 90 toneladas de cana-de-açúcar por hectare.

A previsão é de que com as mudas da biofábrica, que têm alta qualidade genética e são livres de doenças, seja possível aumentar a produtividade em 20%, em um período de três a quatro anos. Cruzamentos feitos entre plantas garantiram a qualidade.

Foram investidos R$ 2,5 milhões na biofábrica, que tem uma estrutura para produzir quatro milhões de mudas ao ano para serem disponibilizadas aos produtores.

De acordo com Marcos Guimarães Landell, diretor do Programa Cana do IAC, a maior limitação no lançamento de uma nova variedade de cana é ter disponibilidade suficiente do material para oferecer aos produtores.

"Aquela nova planta que demoraria seis anos para se desenvolver em uma área comercial, irá se desenvolver em um ano com a biofábrica", disse Landell.

As mudas serão vendidas aos produtores por preços entre R$ 1 e R$ 1,20. De acordo com Landell, valor inferior ao praticado em biofábricas particulares, que chegam a cobrar entre U$ 2 e U$ 4.

Mudas pré-brotadas

Ontem, também foi inaugurado o Núcleo de Produção de Mudas, com capacidade para produzir 300 mil MPBs (Mudas Pré-Brotadas). O investimento pode propiciar o aumento da eficiência no plantio da cana.

O pesquisador do IAC Mauro Alexandre Xavier explicou que a técnica de multiplicação contribui para a reprodução rápida das mudas, associada a um elevado padrão de fitossanidade, vigor e uniformidade de plantio.

Outro benefício do sistema é a redução no total de mudas para o plantio por hectare de cana: o consumo cai de 18 toneladas a 20 toneladas, no modo convencional, para duas toneladas.