Produtor reage à isenção do etanol americano
19-01-2018

Bastou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) dizer que pode retirar a taxação sobre o etanol importado dos Estados Unidos para que o setor sucroalcooleiro brasileiro se mobilizasse contra a medida. Representantes da cadeia produtiva dizem que o fim da cobrança pode prejudicar a rentabilidade e a produção do setor, que emprega mais de 260 mil pessoas só no Nordeste, e fizeram questão de apresentar suas críticas ao ministro Blairo Maggi nessa quarta-feira (17). Por isso, no fim do dia, o Mapa divulgou uma nota garantindo que "nenhuma decisão será tomada sem antes ser debatida exaustivamente com todo o setor".

"O Mapa esclarece que o ministro Blairo Maggi só admite hipótese de rever a taxa de 20% sobre o etanol importado se estudos, já encomendados por esse ministério, demostrarem tecnicamente que a medida não mais se justifica", declarou o ministério, depois que o presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana de Pernambuco, Gerson Carneiro Leão, enviou uma carta pedindo a compreensão de Maggi, e depois que o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha, foi a Brasília expor os efeitos do fim da taxação.

"Não faz sentido algum haver uma desistência em apenas quatro meses de vigência da taxação", afirmou Cunha, lembrando que a política atual de importação de etanol começou a valer em setembro passado e permite que o País importe até 600 milhões de litros do combustível por ano. Depois disso, passa a ser cobrada uma taxação de 20% sobre o produto. "É um benefício sete vezes maior que o que recebemos. O Brasil só pode exportar 160 mil toneladas de açúcar por ano para os Estados Unidos. É uma cota ínfima, insignificante para um país que produz 39 milhões de toneladas de açúcar", criticou o presidente do Sindaçúcar. "Nós produzimos etanol limpo, mas importamos álcool subsidiado e poluente. Isso vai acabar com o setor", acrescentou o presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana de Pernambuco, Gerson Carneiro Leão, contando ainda que os efeitos do fim da taxação são tão graves que já fizeram o preço do açúcar brasileiro cair 5% no mercado internacional ontem.

Ontem, Carneiro Leão escreveu um email para Blairo Maggi, no qual diz: "Desculpa a sinceridade, mas essa medida adotada por V. Exª. de tirar a taxação do etanol podre e poluente, importado dos Estados Unidos é inadmissível. Pois vai acabar com o Setor Sucroalcooleiro. Setor este que mais emprega nesse País, principalmente em toda a Região do Nordeste. Vossa decisão é inadmissível e as consequências vão ser danosas para o País inteiro. Caso isto aconteça, nós no Nordeste (60 mil) fornecedores de cana, não vamos deixar que esse etanol seja desembarcado no nosso Estado. Será péssimo Vossa Excelência! Pedimos, Sr. Ministro, que pense na decisão que irá tomar a fim de que não seja prejudicial para a Nação, nem para vossa imagem".