Produtores de cana e pecuaristas do Triângulo Mineiro mobilizados contra a mosca-do-estábulo
01-07-2016

Um inseto tem levado cada vez mais dor de cabeça a produtores de cana, usinas e pecuaristas de todas as regiões canavieiras do país: a mosca-do-estábulo. Ela multiplica-se nos restos de cultura da cana, nos encharcados de vinhaça e montes de torta de filtro, além de ser habitual frequentadora de locais onde se acumula matéria orgânica, como os próprios estábulos e lixões públicos.
Recentemente, este problema ganhou relevância no Triângulo Mineiro, onde entidades representativas do setor sucroenergético e do agronegócio estão se mobilizando. Rodrigo Piau, coordenador agrícola da CanaCampo (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Campo Florido), relata que, na região em que atua, esta mosca tem causado muito prejuízo para os pecuaristas.
“É algo que estamos trabalhando muito para encontrar soluções. Estamos correndo atrás. O gado tanto dos pequenos produtores de leite, como os animais de grandes confinamentos, estão sendo atacados pela mosca. Comprovamos que essa grande infestação vem da vinhaça e não vamos fugir da verdade, nem medir esforços para resolver o problema”, relata Piau.
Na vinhaça, utilizada para fertirrigar o canavial, este inseto encontra lugar para reproduzir e se alimentar. Ao atacarem o gado das redondezas, causam grandes perdas: para o gado de leite, a perda da produtividade do rebanho chega a 50%; para o gado de corte, em confinamento, a queda da produção gira em torno de 20% a 30%.
Esta situação tem gerado conflito entre pecuaristas e o setor sucroenergético em algumas regiões, como no estado de São Paulo, inclusive com a mediação do Ministério Público. “Aqui na região de Campo Florido e no Triângulo Mineiro ainda estamos em paz. Estamos dialogando e buscando resolver o problema”, diz o técnico da CanaCampo.
No próximo dia 1º de agosto, uma pesquisadora da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), Taciany Dominghetti, irá a Campo Florido conversar e transmitir o que já sabe sobre o controle da mosca-do-estábulo para produtores da associação e para os profissionais da Usina Coruripe. “Hoje ela é quem mais conhece sobre esta praga no país”, destaca Piau.
Os criadores e produtores de cana estão utilizando-se de diversas medidas de controle contra a praga, tais como o uso de produtos que desequilibram o PH do meio e uso de pulverizações com inseticidas piretróides. Mas Piau acredita mesmo que a causa da infestação da mosca deve-se a algum desequilíbrio ambiental, relacionamento à disponibilidade de matéria orgânica no canavial. Por isso, acredita que o principal caminho para resolver a infestação com a praga seja o controle biológico.
Inclusive já existem novos métodos biológicos, baseados em produtos e inimigos naturais, desenvolvidos pela Embrapa, cuja eficácia e resultados práticos de aplicação serão apresentados pela pesquisadora Ticiany Dominghetti durante o 12º Insectshow. Este evento, promovido pelo Grupo IDEA, ocorre nos dias 13 e 14 de julho, no Centro de Convenções de Ribeirão Preto. Na ocasião ela também falará mais detalhadamente sobre a mosca-do-estábulo e relatará o nível de infestação da praga nas regiões canavieiras do país. Mais informações e inscrições do 12º Insetcshow: www.ideaonline.com.br.

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