Progresso da poluição
21-11-2014

Como se não bastasse a safra de más notícias nos campos da economia e da política, o governo Dilma Rousseff (PT) colhe também na seara do ambiente frutos amargos semeados nos últimos anos.

Sob sua direção, o país passou a poluir mais do que deveria. Em 2013, aumentaram 7,8% as emissões brasileiras de gases que agravam o efeito estufa. Como o PIB cresceu só 2,5%, no ano passado o Brasil passou a poluir mais a cada unidade de riqueza produzida.

É mais um retrocesso da gestão da petista. Desde 2005 havia tendência de queda das emissões de carbono (termo genérico para vários gases do efeito estufa, dióxido de carbono --ou CO2-- à frente).

Os cálculos são do Observatório do Clima, coalizão de organizações socioambientais que tem parceria com a Fundação Getulio Vargas.

Seu Sistema de Estimativa de Emissão de Gases de Efeito Estufa (www.seeg.eco.br) constatou incremento dessa forma de poluição em todos os setores da economia.

Coube destaque para a mudança do uso do solo, categoria em que se encaixa o desmatamento na Amazônia e no cerrado, com um disparo de 16,4%. Também sobressai o mau desempenho do setor de energia, com 7,3%.

No primeiro caso, o avanço decorre da retomada da destruição florestal em 2013. Só na Amazônia, ela cresceu 29%. O combate ao desmatamento dá sinais de fadiga, se não de leniência. Cabe ao Planalto fortalecê-lo, para que a reforma do Código Florestal não seja interpretada por proprietários rurais como incentivo para devastar.

No capítulo da energia fica ainda mais evidente a marca da mão pesada do intervencionismo presidencial. Na geração de eletricidade, barbeiragens federais forçaram o despacho quase contínuo de termelétricas a carvão, óleo e gás, que resultou em quase 60% de aumento da poluição do setor.

A área de combustíveis também andou na contramão da economia de baixo carbono. Preços artificiais da gasolina estimularam seu consumo em detrimento do etanol, que produz menos emissões.

Soa risível, assim, a alegação da ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) de que a piora das emissões era esperada porque o país está em desenvolvimento. Faltou pouco para concluir que poluição é progresso, raciocínio tosco que norteou nossa diplomacia em negociações internacionais de outrora.

O Brasil tem uma meta para cumprir: cortar de 36% a 39% as emissões nacionais até 2020. Faltam só seis anos, e a inflexão da trajetória indica que ficará mais difícil, se não inviável, realizá-la.

Cabe ao governo apresentar medidas para alcançar tal objetivo, e não produzir argumentos e números fantasiosos. De nada adianta chorar o carbono derramado.