Proteína orgânica pode aumentar em quase 20% produtividade da cana
15-10-2019

Canavial (Foto: Thinkstock)
Canavial (Foto: Thinkstock)

 

Patenteada nos Estados Unidos em 1992, a proteína Harpin chegou ao Brasil em 2016 e foi testada nos canaviais da Coplacana

MARIANA GRILLI

Com a proposta de aliar ganho de produtividade e sustentabilidade, pesquisadores têm se dedicado à utilização da proteína Harpin em diferentes lavouras do mundo. Patenteada nos Estados Unidos em 1992, ela foi trazida ao Brasil em 2016 com o nome comercial de H2Copla pelo engenheiro agrônomo Rodrigo de Miranda, em parceria com a Coplacana.

Miranda explica que a tecnologia estimula o desenvolvimento e a produção de plantas ao ativar seu potencial fisiológico. “Com isso, ela desenvolve suas raízes mais profundas, absorvendo mais e melhor os nutrientes, crescendo mais forte, com maior amplitude e resistência. É como se fosse vacina orgânica completa”, diz ele.

A proteína orgânica foi descoberta e patenteada pela norte-americana Plant Health Care, mas Miranda conta que enxergou potencial em sua aplicação na agricultura brasileira. Mestre em Fitotecnia, ele relata ter convencido a empresa a testar o produto, pulverizando-o sobre quatro campos de cana-de-açúcar, na região de Piracicaba (SP). 

Miranda garante que há áreas que têm a Harpin aplicada há 3 anos e, em 60 dias, os primeiros resultados puderam ser vistos. Ele também relata que, onde se aplicou a proteína, houve ganho de produtividade mesmo sem renovação do canavial. 

Outro relato que indica eficácia da H2Copla é de Gilmar Morais, supervisor agrícola da Usina Furlan, também localizada na região de Piracicaba (SP). Segundo ele, enquanto a média nesses locais seria de 92 toneladas por hectare, ele chegou a 110.

“Avaliamos que a cana se revigorou como se estivesse no corte anterior. Nunca vimos uma intensidade igual ou parecida. Mesmo diante dos problemas climáticos, aumentamos em 20% o ganho de produtividade”, revela Morais.

Já para o produtor Odair Novelo, a produtividade por hectare aumentou de 70 para 90 toneladas. “Surpreendeu porque vimos a diferença no visual, com a vegetação maior, mais verde e sentindo menos o estresse hídrico. Começamos em 2 hectares. Hoje temos mais de 1.000 hectares e pretendemos aumentar essa área”, diz Novelo.

Com base nas avaliações que fez nos canaviais da Coplacana, a Plant Health Nutrition garante que houve incremento significativo de produtividade. Em média, o rendimento foi 23%  tanto em TCH (tonelada de cana por hectare) quanto em TAH (tonelada de açúcar por hectare).

“É um produto que eleva a produtividade das lavouras. Nosso maior objetivo é sempre trazer para os cooperados algo que torne a cultura mais rentável. O produto não tem resultado apenas no primeiro corte. O obtido até aqui torna a cultura muito mais rentáveis”, completa Arnaldo Antonio Bortoletto, presidente da Coplacana.

No Brasil, a proteína foi testada apenas na cana-de-açúcar, até o momento. Responsável por trazê-la para o mercado brasileiro, Rodrigo de Miranda afirma, no entanto, que ela pode ser utilizada em diversos cultivos, dos laranjais da Flórida (EUA) às plantações de macadâmia da África do Sul.

 Revista Globo Rural