Protocolo já evitou em SP a emissão de 26,7 milhões de toneladas de poluentes com a queima
04-02-2015

Além disso, sem a energia elétrica oriunda da biomassa, o nível de emissões seria 22% maior

A geração de energia elétrica já é grande negócio para as usinas de açúcar e etanol, além de constituir-se numa importante fonte energética, limpa e renovável, para a matriz elétrica brasileira. Segundo o Relatório de Sustentabilidade 2011-2014 da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, publicado em janeiro de 2015, todas as usinas signatárias do Protocolo Agroambiental processam cerca de 348 milhões de toneladas de cana, cujo bagaço de cana é queimado nas caldeiras, produzindo 14.731 Gwh. Desse total, 8.341 Gwh é exportado pelas usinas para as concessionárias de energia. Isto corresponde a 22% do consumo residencial anual paulista. O bagaço é o material que sobra depois de a matéria-prima ser moída para a extração do caldo.
Assinado em 2007, o Protocolo Agroambiental para o setor sucroenergético tem abrangência no estado de São Paulo e define metas restritivas, como a antecipação do prazo para eliminação da queima da palha da cana, a proteção dos remanescentes florestais de nascentes e de matas ciliares e a redução de consumo de água na etapa industrial. A maior parte das usinas do estado aderiu ao Protocolo e várias conquistas já podem ser enumeradas, como a redução significativa da queima da cana para fins de colheita. Na maior parte das áreas de cana mecanizáveis do estado, a operação do corte já é feita com máquinas. O resultado é a produção de uma quantidade abundante de uma outra fonte para a geração de energia elétrica, a palha da cana, que está cada vez mais disponível nos canaviais paulistas.
Desde que o Protocolo foi criado, as unidades deixaram de queimar muitos hectares de cana-de-açúcar, evitando emissão significativa de toneladas de CO2. Desde em 2007, até o final da safra 2013/2014 (em março de 2014), 7,16 milhões de hectares deixaram de ser queimados. Assim, o setor deixou de emitir 26,7 milhões de toneladas de poluentes (monóxido de carbono, hidrocarbonetos e material particulado) e 4,4 milhões de toneladas de gases causadores do efeito estufa (metanol e óxido nitroso).


POTENCIAL DESPERDIÇADO COM A PALHA - A produção de energia a partir da biomassa, o que no Brasil ocorre majoritariamente utilizando a biomassa da cana, reduz a necessidade de o sistema elétrico nacional recorrer à energia de outras fontes para suprir a demanda nacional, especialmente da energia produzida pelas termelétricas movidas por fontes fósseis. Além disso, seu uso como combustível não apenas aumenta a capacidade de exportação de energia, como favorece a mitigação da emissão de carbono pela geração de energia.
A partir de dados divulgados pela Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), a bioeletricidade, de 1º de janeiro de 2014 a 30 de novembro de 2014, evitou a emissão de mais de 10 milhões de tCO2 (tonelada de carbono), sendo que as emissões estimadas em 2014 para o Sistema Interligado, segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), foi de 45 milhões de tCO2. De acordo com a Unica, sem a energia da biomassa (incluindo todo tipo de matéria-prima), o nível de emissões seria 22% maior.
No entanto, as usinas adeptas ao Protocolo Agroambiental têm potencial muito maior de produção de energia. Existe grande quantidade de palha de cana que, com o fim da queima dos canaviais (impulsionada pelo Protocolo), sobra do processo de colheita mecanizada das lavouras. Até o momento, apenas pequena parte desta palhada é levada para a usina para virar energia, o que representa um grande potencial energético desperdiçado. O setor sucroenergético precisa de políticas públicas consistentes de âmbito federal para investir na ampliação da produção de energia, aumentando o aproveitamento da palha remanescente no campo.

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