Quando a água abaixa...
25-08-2014

O mercado de açúcar em NY fechou a semana em queda depois de ensaiar uma robusta recuperação ao longo da semana, totalmente devolvida com o pregão de sexta-feira. Assim, comparando com o fechamento da semana anterior, o vencimento outubro/2014 encerrou cotado a 15.64 centavos de dólar por libra-peso, uma queda de mais de 6 dólares por tonelada na semana. O março/2015 também experimentou a mesma pressão, encerrando com 5 dólares por tonelada de baixa. Os demais meses fecharam com quedas menores entre 1 e 4 dólares por tonelada.

No começo deste mês, nossa estimativa era de que o outubro/2014 ainda tinha 2.4 milhões de toneladas a serem fixadas. Faltando cerca de 25 pregões até a expiração do outubro, estimamos que ainda faltam 1.2 milhão de toneladas a serem fixadas contra esse mês. O número carece de exatidão uma vez que modelos são falhos. O ritmo de fixações este mês foi acelerado. Muita gente se afobou e despejou o que possuía. Alguns rolaram para o Março. Como disse um experiente executivo do mercado, na mais pura linha filosófica nelsonrodriguiana: "quando abaixa a água da piscina é que você vê quem está pelado". Ou seja, com a queda do mercado é que se percebeu que algumas empresas estavam mais expostas do que deveriam.

Houve melhora substancial nos descontos negociados para o açúcar de exportação. Negócios foram concluídos com desconto de 45 pontos para embarque setembro, 10 pontos de prêmio para embarque outubro e 50 pontos de prêmio para embarque novembro, todos contra o outubro/2014. Assumindo que a composição do livro das tradings tenha flexibilidade, comprar açúcar nesses níveis e na pior das hipóteses reentregá-lo contra o vencimento março de 2015, ainda assim apresenta um carregamento embutido que vai de 18% a 23% ao ano, em dólares. Um risco comercial interessante de se tomar nesse momento do mercado.

O total de açúcar exportado pelo Brasil de abril até julho deste ano totaliza 7.1 milhões de toneladas a um preço médio de US$ 397.05 por tonelada, uma queda em volume pouco acima de 12% em comparação com o mesmo período do ano passado. Os principais destinos foram EAU, Índia, China, Argélia, Nigéria, Bangladesh e Arábia Saudita.

Em termos de preço médio a queda ainda é ainda pior: mais de 20%. Interessante confrontar o valor médio das exportações acumuladas até julho com a estimativa de fixação das usinas apuradas pelo modelo da Archer Consulting: 17.31 contra 17.62 centavos de dólar por libra-peso, respectivamente, uma diferença de apenas 1.7%

No etanol, o total exportado pelo Brasil nos quatro primeiros meses da safra 2014/2015 (abril a julho) foi de 534.7 milhões de litros, uma redução de 38% em relação ao mesmo período no ano passado.

No acumulado de doze meses (agosto de 2013 até julho de 2014), o Brasil exportou 25.65 milhões de toneladas (queda de quase 10 por cento em relação ao período anterior) e 2.27 bilhões de litros de etanol (queda pronunciada de 37%). `

Desde que estreou na BM&F Bovespa em maio de 2010 até hoje, o contrato futuro de anidro negociou um total de 235.000 lotes, ou cerca de 7 bilhões de litros, o que dá uma média de 1.68 bilhão de litros por ano, ou aproximadamente 1/6 do que o país consome de anidro. Como idealmente, para ser líquido, um contrato futuro teria que negociar 7 vezes o volume negociado no físico, contemplando-se aí todas as proteções feitas ao longo da cadeia produtiva, o anidro na BM&F Bovespa tem um potencial teórico de crescer 42 vezes o seu tamanho atual.