Quem esperava morte súbita do setor se enganou, segundo Pádua
08-12-2014

No Seminário de Produtividade & Redução de Custos que o Grupo IDEA realizou nos dias 3 e 4 de dezembro, em Ribeirão Preto, Antônio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União das Indústrias de Cana-de-açúcar), traçou um perfil da produção da safra 2014/2015 no Centro-Sul, até o final de novembro.

O que mais marcou este ciclo na região foram as condições climáticas atípicas, nunca antes vistas nos últimos 90 anos, o que castigou muito os canaviais da região, mas principalmente no estado de São Paulo. Segundo Pádua, houve usina paulista que teve quebra de safra de 70%.

“Mas tivemos realidades diferentes de clima na região, mesmo dentro do estado de São Paulo e entre os estados do Centro-Sul, comparando São Paulo com Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul e Goiás.”

Em São Paulo, a região de Piracicaba teve resultados mais drásticos da estiagem. “A primeira usina a parar a moagem na região foi em agosto e aí [outras unidades] foram sucessivamente parando. Na região de Ribeirão Preto, a safra também foi crítica quanto à falta de água e seu efeito na produtividade agrícola”, relata Pádua.

Segundo ele, o resultado que se tem hoje [primeira semana de dezembro] no estado de São Paulo, considerando mais de 170 unidades que a Unica acompanha a produtividade agrícola, é de quebra média de produtividade de 12,1%.

O estado processou 367 milhões de toneladas na safra passada e, neste ano, foram esmagadas 325 milhões de toneladas até o dia 15 de novembro. “A quebra de safra se concentra no estado de São Paulo. Nos demais estados, basicamente, a safra é a mesma ou maior do que a safra passada.”

Em São Paulo, as chuvas começaram a cair em novembro num ritmo mais animador para o produtor agrícola. “A cana hoje visualmente está bonita, mas ninguém tem ideia sobre as falhas futuras deste canavial.” Para Pádua, a queda média pouco superior a 12% de produtividade na região Centro-Sul traz uma mudança quanto à expectativa do resultado final da safra. “Se estimava que a produtividade deste ano, a partir do mês de junho, comparada com a do ano passado, caísse mais drasticamente. Todos fizeram uma previsão da oferta de cana pra baixo, esperando uma queda de produtividade muito acentuada, mas isso não aconteceu.”

Até 15 de novembro, a Unica registrou uma moagem de 538,4 milhões de toneladas de cana. “Mas apostamos numa moagem na ordem de 561 milhões de toneladas de cana ao final da safra”, diz Pádua, lembrando que algumas usinas, que tinham previsto final da moagem na segunda quinzena de novembro, entraram dezembro processando matéria-prima por conta do clima.

De acordo com ele, 20114/15 é uma safra mais alcooleira, que tem um pouco de perda em produtividade agrícola na média do Centro-Sul, mas possui 12,5% em quantidade de kg de açúcares totais a mais por tonelada de cana processada.

“Diante deste universo, havia expectativa de morte súbita [do setor], mas ela não existiu. É safra atípica em relação ao que esperávamos. Mais de 100 unidades em operação em novembro, o que leva à expectativa de 561 milhões de toneladas de safra.”